UFSC e Unila estudam uso da Cannabis no tratamento de Parkinson e Alzheimer
Este é um dos maiores e mais longos estudos sobre a substância: serão três anos de acompanhamento dos pacientes.
Pesquisadores da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) conduzem os maiores ensaios clínicos do mundo para avaliar como substâncias extraídas da Cannabis sativa podem colaborar para o tratamento das doenças de Parkinson e Alzheimer.
Ao todo, 140 pacientes participarão dos dois estudos, 70 com cada doença. Serão cerca de três anos de testes envolvendo pesquisadores de três instituições. As avaliações serão em Florianópolis, Rio do Sul e em Foz do Iguaçu, no Paraná. O prazo do estudo é maior que a maioria dos estudos deste tipo.
Normalmente, estudos clínicos do tipo são feitos com 15 a 20 pacientes, conforme explica o professor Rui Prediger, coordenador do estudo na UFSC. Isso, para ele, é um dos diferenciais da pesquisa.
— O nosso trabalho vai avaliar esses efeitos dos canabinoides por três anos. Então esse também é um diferencial, porque sabemos que às vezes um tratamento pode ser eficaz no início, mas o benefício não se manter a longo prazo. De fato, a gente não tem um estudo ainda avaliando isso, se a longo prazo esses canabinoides são eficazes para o Parkinson e o Alzheimer — completa.
O estudo é uma parceria entre o Laboratório Experimental de Doenças Neurodegenerativas (Lexdon) da UFSC, coordenado por Prediger, e o Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciência Psicodélica (LCP) da Unila, coordenado pelo professor Francisney Pinto do Nascimento, em Foz do Iguaçu.
Além dos pesquisadores dos dois laboratórios, a professora Samantha Cristiane Lopes, do Centro Universitário para o Desenvolvimento do Alto Vale de Itajaí (Unidavi), participa do estudo. Ela coordena o projeto de extensão Flor&Ser com pacientes de Parkinson, em Rio do Sul. O trabalho faz parte da tese de doutorado de Ana Carolina Ruver Martins, desenvolvido no Programa de Pós-Graduação em Farmacologia da UFSC.
Como o estudo vai funcionar
Os primeiros pacientes com Parkinson já começaram a receber os kits com canabinoides em janeiro. Eles também já passaram pelas primeiras avaliações, em Florianópolis e Rio do Sul. Os estudos com pacientes com Alzheimer devem começar em março, e serão feitos em Foz do Iguaçu.
Ambas as pesquisas terão metodologias parecidas: nos seis primeiros meses, metade dos pacientes com cada doença receberá um composto que combina duas substâncias extraídas da planta da maconha, o canabidiol (CBD) e o tetrahidrocanabinol (THC). Já a outra metade recebe um placebo, ou seja, uma substância sem efeito terapêutico. Para o método ser eficaz, nem o paciente, nem os cientistas sabem quem recebe a substância e quem usará somente o placebo.