Trump trava negociações climáticas e gera preocupação com COP30 em Belém
A preparação para a COP30, que será realizada em Belém em 2025, já enfrenta turbulências diplomáticas. O governo de Donald Trump, que voltou à presidência dos Estados Unidos prometendo rever compromissos internacionais, tem adotado uma postura de boicote em mesas de negociação sobre temas centrais da agenda climática. O movimento acende um alerta entre autoridades brasileiras e especialistas, que veem risco de esvaziamento político e perda de protagonismo para a conferência sediada no Brasil.
A postura americana
Desde que reassumiu, Trump tem reforçado uma visão cética sobre o papel do multilateralismo no combate às mudanças climáticas. Ele e sua equipe buscam reduzir a participação em fóruns internacionais, insistem em priorizar a exploração de petróleo e carvão, e defendem que compromissos globais não podem “prejudicar” a competitividade americana. Essa posição já travou reuniões preparatórias, nas quais os EUA se recusaram a fechar textos de consenso sobre financiamento climático e metas de descarbonização.
O impacto para a COP30
Belém foi escolhida como sede justamente para simbolizar o protagonismo da Amazônia na agenda global. O Brasil esperava usar o encontro como vitrine de sua diplomacia ambiental e, ao mesmo tempo, como vitrine do potencial econômico da transição verde. Mas a resistência norte-americana ameaça enfraquecer compromissos e esvaziar resultados concretos.
Diplomatas brasileiros avaliam que, se os EUA mantiverem a obstrução, será mais difícil mobilizar países ricos a ampliarem aportes para o financiamento climático, considerado essencial para adaptação de nações vulneráveis e para acelerar a redução do uso de combustíveis fósseis.
Reação brasileira e internacional
O Itamaraty já articula aproximações com a União Europeia, China e países emergentes para garantir que a COP30 não seja refém da posição americana. A estratégia é mostrar que o Brasil tem condições de liderar um pacto de países em desenvolvimento em favor de metas mais ambiciosas. Ainda assim, fontes diplomáticas admitem que o poder de veto dos EUA pesa e pode limitar avanços.
Além disso, organizações da sociedade civil e lideranças indígenas têm alertado que a credibilidade da conferência está em risco caso falte compromisso real das grandes potências. Belém, que investe em infraestrutura e espera receber milhares de visitantes, vê no evento não apenas uma vitrine ambiental, mas também uma oportunidade de desenvolvimento regional.
O que está em jogo
O boicote americano não é apenas um gesto político: ele coloca em dúvida a capacidade da COP30 de entregar resultados concretos sobre financiamento, preservação de florestas e descarbonização de economias emergentes. Para o Brasil, o impasse pode comprometer a narrativa de liderança ambiental que o governo pretende consolidar.