Alta na procura por etanol aquece mercado e faz milho certificado ganhar valor
O mercado de grãos vive uma nova dinâmica com a valorização do milho certificado, impulsionada pela crescente demanda da indústria de etanol no Brasil. O movimento reflete tanto as mudanças no perfil do consumo interno quanto a pressão por produtos com rastreabilidade, qualidade garantida e padrões mais rígidos de sustentabilidade.
O avanço do etanol de milho
Nos últimos anos, o etanol de milho deixou de ser uma aposta regional e se consolidou como um dos motores da bioenergia nacional. Somente em 2024, a produção bateu recordes, com usinas expandindo operações em estados como Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul. Essa expansão elevou a procura por milho certificado, que assegura padrões mínimos de qualidade e atende às exigências das próprias usinas e dos investidores internacionais que pressionam por mais transparência na cadeia.
Diferença de preço entre o grão comum e o certificado
O milho certificado, por passar por processos de auditoria, rastreabilidade e controle de qualidade mais rígidos, vem sendo negociado acima da média do milho convencional. Embora a diferença varie conforme a região, em algumas praças a valorização chega a até 10%. O prêmio pago reflete a segurança na origem e a previsibilidade no rendimento do grão para a produção de etanol.
Reflexo nos produtores
Para os agricultores, a alta na cotação representa oportunidade, mas também desafios. Quem já adota práticas de certificação, como manejo sustentável, controle de defensivos e boas práticas agrícolas, se beneficia da valorização imediata. Já quem ainda atua no modelo tradicional se vê pressionado a investir em certificações para não perder competitividade.
Efeito em outras cadeias
A valorização também atinge a indústria de rações e a exportação. Com maior parte da safra sendo direcionada ao etanol, setores como avicultura e suinocultura enfrentam pressão nos custos de insumos. Já os exportadores se preparam para disputar volumes de milho certificados, que ganham atratividade em mercados exigentes, como União Europeia e Japão, onde rastreabilidade e sustentabilidade pesam cada vez mais nas compras.
Perspectiva para os próximos meses
Analistas projetam que a tendência deve continuar, principalmente se o ritmo de produção de etanol de milho mantiver o fôlego. Além disso, políticas ambientais e energéticas internacionais, como os créditos de carbono e a busca por combustíveis mais limpos, devem reforçar o apelo do milho certificado como matéria-prima essencial na matriz energética brasileira.