Politica

Lula perde oportunidade de dar exemplo com Juscelino Filho

A saída de Juscelino Filho do Ministério das Comunicações nesta semana encerra uma novela política que se arrastava desde o início do governo Lula, marcada por denúncias, investigações e uma crescente pressão da opinião pública. No entanto, a forma como o presidente lidou com o caso levantou críticas até entre aliados: Lula perdeu uma oportunidade clara de dar um exemplo de firmeza ética e compromisso com a integridade no governo.

Juscelino vinha sendo alvo de investigações por suposto uso irregular de emendas parlamentares, utilização de aviões da Força Aérea para compromissos pessoais e favorecimento de empresas ligadas à sua família. Mesmo com evidências preocupantes e cobranças por um afastamento voluntário, o ministro se manteve no cargo por mais de um ano, blindado por seu peso político e pela necessidade de manter o União Brasil — partido importante na base aliada — relativamente satisfeito.

Silêncio e omissão

Durante todo o período em que Juscelino esteve sob suspeita, Lula evitou se manifestar publicamente sobre o caso. Mesmo diante da crescente pressão da imprensa e de parte da sociedade civil, o presidente optou por não demitir o ministro, nem ao menos pedir explicações em público. O resultado foi o desgaste da imagem do governo, especialmente entre eleitores que esperavam uma postura mais ética e transparente do presidente.

O fim da permanência de Juscelino no ministério se deu mais por desgaste acumulado do que por uma ação direta de Lula. A saída ocorreu em meio a articulações políticas e, segundo bastidores de Brasília, foi resultado de um entendimento entre o próprio União Brasil e o Planalto, que buscava recompor forças na base após uma série de derrotas legislativas.

Mensagem ambígua

Ao não tomar a iniciativa de afastar Juscelino no auge das denúncias, Lula transmitiu uma mensagem ambígua sobre o combate à corrupção e à má conduta no governo. Em vez de reafirmar o compromisso com a ética na administração pública, preferiu seguir a lógica da “governabilidade a qualquer custo”, prática que tanto criticou em gestões anteriores.

Analistas políticos apontam que esse tipo de postura cobra seu preço a médio e longo prazo: a percepção de impunidade e a tolerância com condutas questionáveis desgastam a confiança no governo e alimentam a narrativa da oposição.

Oportunidade perdida

Para muitos, o episódio de Juscelino poderia ter sido um marco para o governo Lula mostrar que está disposto a romper com velhas práticas, mesmo que isso custasse apoio político temporário. Ao optar pela passividade, o presidente perdeu a chance de marcar sua gestão com um gesto de autoridade moral — algo cada vez mais raro no cenário político brasileiro.

Agora, resta saber se as próximas crises serão tratadas da mesma forma ou se Lula, pressionado pelos erros passados, adotará uma postura mais firme diante de novas denúncias que possam atingir seu ministério.

Se quiser, posso complementar essa análise com um comparativo de outros ministros que caíram por pressão ética. Deseja?

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