Advogado afirma que Braga Netto é “inocente” e acusa Cid de “mentir” em sua delação
Nesta terça-feira (25), a defesa do general Walter Braga Netto (PL) afirmou, em manifestação no Supremo Tribunal Federal (STF), que o militar é “inocente” e não teve envolvimento na tentativa de golpe de Estado, que é objeto de uma denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR). O advogado José Luis de Oliveira Lima criticou a delação premiada de Mauro Cid, acusando-o de mentir sobre a participação do general nos eventos de 2022.
A denúncia da PGR e os crimes atribuídos a Braga Netto
A denúncia da PGR, que começou a ser analisada pela Primeira Turma do STF, acusa Braga Netto de integrar uma organização criminosa armada que articulava um golpe de Estado com o objetivo de impedir a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, eleito em 2022. Entre os crimes atribuídos ao ex-ministro, destacam-se:
- Organização criminosa armada;
- Tentativa de abolição violenta do Estado Democrático de Direito;
- Golpe de Estado;
- Dano qualificado ao patrimônio da União;
- Deterioração de patrimônio tombado.
Segundo o procurador-geral da República, Paulo Gonet, Braga Netto teria sido uma das lideranças de um plano para impedir a posse do novo governo e, em alguns momentos, até de matar autoridades como o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
A prisão e os alegados atos de interferência
Em dezembro de 2024, o general foi preso preventivamente pela Polícia Federal (PF) sob suspeita de envolvimento direto na tentativa de golpe, incluindo tentativas de interferir nas investigações e acessar informações sigilosas da colaboração premiada de Mauro Cid. No entanto, a defesa de Braga Netto reafirma a inocência do militar, alegando que ele não esteve envolvido nos eventos de 8 de janeiro de 2023, quando ocorreram os ataques aos três poderes.
A defesa também ressaltou a trajetória ilibada de Braga Netto, que serviu por 42 anos ao Exército e ocupou importantes cargos no governo de Jair Bolsonaro, incluindo as pastas da Casa Civil e da Defesa. “Braga Netto não teve qualquer participação ou relação com os atos de 8 de janeiro”, afirmou o advogado.
A delação de Mauro Cid e a acusação de financiamento do plano golpista
Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, em sua delação premiada, afirmou que o general teve um papel crucial no financiamento da operação que visava ao golpe. Segundo a delação, Braga Netto teria conseguido levantar recursos para a ação clandestina, que foi discutida em reuniões com outros membros da organização criminosa, incluindo os chamados “kids pretos”.
A denúncia da PGR relata que, em uma dessas reuniões, Braga Netto teria entregue dinheiro para financiar o plano, utilizando uma sacola de vinho para transportar os valores. A acusação se baseia nos depoimentos de Cid, que revelou detalhes sobre o planejamento da ação e os encontros com o ex-ministro para tratar da operação.
Posicionamento da defesa e próximos passos no julgamento
Durante a audiência de hoje, a defesa de Braga Netto reafirmou que as acusações contra o ex-ministro são infundadas. O advogado alegou que Cid mentiu em sua delação e que a PGR não possui provas suficientes para sustentar as acusações. Além disso, ele criticou a forma como a investigação foi conduzida e a utilização de uma delação para embasar a denúncia.
O julgamento segue no STF, onde os ministros da Primeira Turma irão analisar as evidências e decidir se aceitam a denúncia da PGR, tornando Braga Netto e outros envolvidos réus no processo.
Conclusão
A defesa de Walter Braga Netto continua a afirmar que ele não tem envolvimento nas tentativas de golpe de Estado de 2022, enquanto a acusação baseia-se em depoimentos de delatores e nas alegações de um plano articulado para impedir a posse de Luiz Inácio Lula da Silva. O STF agora avaliará se os elementos apresentados pela PGR são suficientes para abrir o processo judicial contra o ex-ministro, e a sentença final dependerá da análise dos ministros do Supremo.
