Gabriele Leite quebra os padrões da música clássica com novo álbum e nova visão
A violonista brasileira Gabriele Leite vem desafiando os estereótipos que pesam sobre a música clássica. Com o lançamento recente de seu segundo álbum, Gunûncho (2025), ela propõe uma escuta diferente — mais humana, inclusiva e sensível.
Formada no interior de São Paulo, com passagem pelo Conservatório de Tatuí e graduação pelo Instituto de Artes da UNESP, Gabriele trilhou caminho até Nova York, onde cursa doutorado em Performance Musical.
No primeiro álbum dela, Territórios (2023), Gabriele apresentou seu olhar sobre obras clássicas para violão — de compositores consagrados como Heitor Villa-Lobos e Sérgio Assad — tentando “traduzir a complexidade da música clássica em algo que chegue a todos os ouvidos”.
Mas foi com Gunûncho que ela fez um movimento mais ousado: o álbum reúne obras de mulheres compositoras — algumas pouco conhecidas no circuito do violão — como Chiquinha Gonzaga, Lina Pires de Campos, Tania León e Thea Musgrave. Além disso, Gabriele estreia como compositora com três “nano-estudos”.
O nome do disco — uma referência carinhosa à “naninha” que ela levava na infância — revela a intenção de tornar a música clássica mais afetiva, próxima e pessoal. Gunûncho não é apenas um álbum: é uma declaração de identidade, memória e pertencimento.
No palco, Gabriele reafirma essa aposta. Em 2025, ela encerrou a turnê de Territórios no Rio de Janeiro, no palco do Blue Note Rio — mostrando que o violão clássico pode conviver com espaços informais e públicos diversos, sem perder densidade.
Para a violonista, ser mulher, preta e atuar em um campo historicamente elitista e dominado por homens também é um ato de resistência e representatividade. Sua trajetória traz visibilidade a músicos frequentemente sub-representados e expande o repertório de quem consome música clássica.
O trabalho de Gabriele deixa claro: a música clássica pode — e deve — ser viva, diversa, acolhedora e pulsante. Ela prova que os ruídos, as imperfeições, a história pessoal e a sensibilidade estão longe de tornar a música erudita “chata”. Pelo contrário — podem torná-la profundamente humana e contemporânea.

