Tebet defende novo IR como benefício à classe média e afasta aumentos sobre dividendos
Em declarações recentes, Simone Tebet voltou a enfatizar que o novo Imposto de Renda (IR) proposto pelo governo — com alterações nas faixas de isenção e ajustes na tributação — será benéfico especialmente para a classe média. Ao mesmo tempo, descartou a possibilidade de endurecer as regras sobre a taxação de dividendos, reforçando que não haverá “novas penalizações” para quem investe ou possui empresas.
IR: foco na classe média
Para Tebet, o sentido da reforma tributária atual — com o novo IR como peça central — é justamente aliviar a carga para trabalhadores e contribuintes que não possuem rendimentos elevados, mas que sentem o peso dos impostos no dia a dia. Segundo ela, a ampliação das faixas de isenção e a revisão de deduções devem tornar o imposto mais justo, diminuindo a incidência sobre quem ganha menos ou na média.
A lógica apresentada por ela é simples: num país com desigualdades sociais acentuadas, os impostos muitas vezes penalizam desproporcionalmente quem ganha menos. Com o reajuste do IR, a expectativa é de que muitos cidadãos da classe média — antes empurrados para faixas de tributação mais altas — fiquem isentos ou paguem menos imposto. O discurso tenta recuperar a ideia de que tributar renda deve priorizar justiça social e proteção aos mais vulneráveis, e não transformar o IR em mais um peso para quem vive do trabalho.
Dividendos fora da mira — por enquanto
Um dos temas mais polêmicos nas discussões tributárias recentes tem sido a taxação de dividendos distribuídos por empresas — algo que atinge diretamente quem investe, participa de sociedades ou tem rendimentos de capital. Apesar da pressão de setores que defendem a taxação como forma de aumentar a arrecadação e buscar justiça fiscal, Tebet optou por descartar essa alternativa no curto prazo.
Ela argumenta que tributar dividendos — especialmente num momento de incerteza econômica — poderia desincentivar investimentos e prejudicar pequenos e médios empresários, justamente aqueles que sustentam empregos e geram renda. O plano, segundo Tebet, é manter a estabilidade tributária, dar previsibilidade ao mercado, e evitar decisões precipitadas que possam gerar efeitos adversos na economia e no emprego.
A mensagem ao eleitor e ao mercado
Com esse posicionamento, Tebet tenta transmitir duas mensagens ao mesmo tempo:
- Para o eleitor de classe média: a reforma do IR não significa mais taxação, mas sim alívio fiscal e justiça tributária.
- Para o setor produtivo e investidores: o governo não vai perseguir dividendos nem promover medidas que desestimulam o investimento nacional e empreendedorismo.
Essa estratégia é pensada para manter equilíbrio: apoiar quem trabalha, sem penalizar quem investe ou produz. Também tenta neutralizar críticas políticas de que a reforma tributária serviria para aumentar a arrecadação às custas da classe média ou de pequenos empreendedores.
Possíveis reações e disputa política
A declaração de Tebet deve provocar reações mistas no Congresso e na sociedade. Por um lado, pode agradar muitos contribuintes de classe média que esperam menos imposto. Por outro, causa desconforto em correntes que defendem maior tributação sobre capital, alegando que os mais ricos deveriam contribuir mais. A polêmica sobre dividendos, especialmente em um país marcado pela desigualdade, tende a voltar com força — mesmo se, por ora, o discurso oficial for de moderação.
Para os empresários e investidores, o recado de que dividendos não serão taxados passa segurança de longo prazo, preservando incentivos para quem produz, investe ou gerencia empresas. Mas para alguns setores que veem a taxação como instrumento de justiça social, a declaração poderá parecer evasiva — ou sinal de que as mudanças tributárias serão orientadas para proteger os interesses econômicos, e não reduzir desigualdades profundas.
O ambiente de espera até 2026
Com o calendário político se aproximando de 2026, e várias eleições importantes no horizonte, o discurso de Tebet reflete também um cuidado com o desenho político — equilibrar promessas de justiça fiscal com receptividade do mercado e dos eleitores de classe média. A proposta de IR “amigável” e o recuo no tema dividendos podem ser vistos como tentativa de acomodação de diferentes interesses.
Mas o ambiente permanece tenso. A qualquer momento, debates sobre reforma tributária podem ser reabertos, e a ideia de taxar renda de capital — incluindo dividendos — dificilmente desaparecerá de vez. Mesmo com o posicionamento de Tebet, o assunto segue na mira de economistas, jornalistas e grupos de pressão.

