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Aline Borges reflete sobre sua identidade racial: “Demorei 40 anos para entender que sou negra”

A atriz Aline Borges, que interpreta a vilã Tânia na novela Dona de Mim, revelou como foi o processo de compreender sua identidade racial. Aos 50 anos, ela contou que apenas em 2018 passou a se reconhecer verdadeiramente como mulher negra, apesar de já ter uma carreira consolidada na TV e no teatro.

Aline afirmou que, por ter pele mais clara, por muito tempo não compreendia totalmente seu lugar racial. Segundo ela, havia um esforço constante para se encaixar em espaços que não refletiam sua origem. Esse entendimento começou a mudar quando decidiu se conectar com sua ancestralidade e escutar sua própria intuição.

A arte teve papel fundamental nessa virada. A atriz conta que sua participação na peça Contos Negreiros do Brasil, dirigida por Rodrigo França, foi decisiva. Durante o processo criativo, ela mergulhou em reflexões profundas sobre identidade, história familiar e herança afro-brasileira. Esse contato a fez revisitar histórias das avós e reconhecer a presença ancestral que sempre esteve ali, mesmo quando não era valorizada.

Aline afirma que essa redescoberta a transformou não apenas como artista, mas como mulher. “Entendi quem realmente sou”, disse, ao celebrar uma fase de maior autonomia e consciência racial. Ela ressalta que, hoje, não aceita mais papéis que diminuam sua potência ou que reforcem estereótipos, defendendo que sua negritude é fonte de força, trajetória e propósito.

O posicionamento firme da atriz tem repercutido positivamente, especialmente entre mulheres negras, que encontram em seu relato uma referência de representatividade e identidade. Aline destaca que assumir-se negra foi também um ato político — uma escolha de afirmação, orgulho e continuidade da história de suas ancestrais.

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