CVM aponta que Banco Master usou clínica em nome de laranja para inflar patrimônio
A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) identificou indícios graves de crime financeiro envolvendo o Banco Master. Segundo o relatório, o banco investiu R$ 361 milhões em uma clínica médica registrada oficialmente em nome de uma pessoa “laranja” — ou seja, alguém sem vínculo real com os aportes milionários recebidos.
O esquema segundo a CVM
- A clínica alvo dos aportes é a Clínica Mais Médicos S.A., localizada em Contagem (MG), que recebeu os recursos por meio da emissão de notas comerciais.
- A investigação revelou que a receita anual da clínica era extremamente baixa antes dos investimentos: apenas R$ 54 mil por ano, o que contrasta fortemente com o montante elevado aportado pelo Master.
- Para a CVM, esse desequilíbrio sugere que os recursos não foram destinados a uma operação de saúde legítima, mas sim para inflar artificialmente o patrimônio do banco.
- Além disso, a pessoa que consta como sócia da clínica tinha histórico de emprego simples (como recepcionista) e vivia em imóvel modesto, reforçando a hipótese de que ela foi usada apenas como fachada para os aportes.
Consequências para o Master
De acordo com o relatório da CVM, esses aportes milionários podem ter servido para tornar a instituição mais atrativa no mercado, especialmente para operações de captação de recursos. Essa valorização artificial poderia mascarar a real solidez financeira do banco e colocar em risco sua estabilidade patrimonial.
Para os reguladores, há indícios de gestão fraudulenta, conduta que pode configurar crime segundo a legislação brasileira. A investigação foi enviada a outras autoridades regulatórias e pode gerar desdobramentos judiciais e administrativos.
Defesa do Banco Master
Em nota, o Master afirmou que todos os investimentos foram quitados e que “não há qualquer exposição pendente”. Segundo a instituição, não há relação direta entre o banco e a depositária ou emissores das notas comerciais, argumento usado para afastar a ideia de conluio irregular.
Conclusão
A investigação da CVM coloca em xeque a legitimidade de operações financeiras do Banco Master, com indícios de que uma clínica foi usada como fachada para movimentar dezenas de milhões. Se as suspeitas forem confirmadas, o banco pode enfrentar graves sanções regulatórias e até criminais — além de sofrer forte impacto reputacional.

