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Ao assumir comando do INSS, aumentaram valores ligados a propina atribuída a Stefanutto, apontam investigações da PF

As apurações conduzidas pela Polícia Federal revelaram novos desdobramentos acerca das suspeitas envolvendo a atuação de Alessandro Stefanutto no comando do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). De acordo com os investigadores, os indícios coletados ao longo dos últimos meses apontam que o período em que Stefanutto ocupou a presidência do órgão coincidiu com um aumento expressivo no fluxo de valores que teriam sido pagos como propina dentro de um esquema estruturado para favorecer liberações irregulares de benefícios e contratos.

A PF vem analisando documentos, trocas de mensagens, registros financeiros e movimentações suspeitas que, segundo os relatórios preliminares, mostram um padrão de crescimento na circulação de recursos associados ao esquema logo após Stefanutto assumir o cargo máximo da autarquia federal. O objetivo agora é determinar se esse aumento se relaciona diretamente ao poder de decisão ampliado no INSS e à capacidade de interferir em processos internos.

A investigação teve início ainda no ano passado, quando surgiram os primeiros indícios de que um grupo atuava para manipular concessões previdenciárias, autorizar pagamentos indevidos ou acelerar liberações graças à atuação de servidores e intermediários externos. A suspeita de que esse modelo teria se expandido durante a gestão de Stefanutto levou a PF a aprofundar as diligências e cruzar dados que ajudassem a mapear a estrutura do suposto esquema.

Os agentes identificaram que a movimentação financeira de alguns envolvidos teve alta significativa no período em que o investigado esteve à frente do INSS. Esse dado reforçou a hipótese de que a organização criminosa buscava aproveitar o alcance administrativo da presidência do órgão para ampliar ganhos ilícitos, centralizando decisões que antes dependiam de instâncias mais descentralizadas.

A equipe de investigação também se debruçou sobre processos específicos que passaram a tramitar com maior velocidade durante a gestão analisada. Relatórios internos mostram que determinados pedidos que anteriormente levavam semanas para serem avaliados passaram a ser aprovados em prazos muito mais curtos. A PF trabalha para identificar quais dessas liberações ocorreram dentro da legalidade e quais foram influenciadas por pressões externas ou pagamentos ilegais.

Outro ponto destacado nas apurações diz respeito à atuação de consultorias e intermediários que, historicamente, orbitam temas previdenciários. Esses grupos atuam oferecendo facilidades para acelerar aposentadorias, auxílios e benefícios de diferentes categorias. As investigações apontam que parte dessas consultorias pode ter sido instrumentalizada para funcionar como ponte entre pagadores de propina e agentes internos do INSS.

Com a chegada de Stefanutto à presidência, a estrutura interna do órgão passou por reorganizações administrativas que são analisadas minuciosamente pela PF. Auditores avaliam se mudanças internas abriram brechas que facilitaram a centralização de decisões sensíveis ou a flexibilização de etapas de controle. A análise documental envolve ordens de serviço, portarias internas e a atuação de chefias regionais.

A investigação já resultou em uma série de medidas judiciais, incluindo buscas, apreensões e quebras de sigilo autorizadas. Os materiais obtidos nessas ações vêm sendo cruzados com informações de bancos de dados federais para mapear a evolução patrimonial dos suspeitos, identificar relações entre eles e localizar fluxos financeiros incompatíveis com as declarações formais.

Paralelamente, órgãos de controle externo acompanham o caso. Há interesse particular em entender se a expansão do esquema pode ter impactado o orçamento da Previdência, que já enfrenta desafios estruturais. Especialistas apontam que fraudes recorrentes e desvios organizados representam um prejuízo significativo aos cofres públicos, comprometendo os recursos destinados a milhões de segurados.

No Congresso, parlamentares que acompanham os desdobramentos da investigação pressionam por mudanças mais rígidas nas práticas de fiscalização interna. A expectativa é que, após a conclusão das apurações, surjam propostas legislativas voltadas a reforçar mecanismos de auditoria digital, rastreamento de processos e responsabilização de servidores.

O caso envolvendo Stefanutto marca um dos episódios mais delicados da história recente do INSS, tendo em vista que envolve diretamente a figura responsável pela condução nacional da autarquia. A PF pretende concluir os relatórios principais nas próximas semanas, mas já indica que novas fases da operação podem ocorrer, já que ramificações do esquema continuam sendo identificadas em diferentes estados.

Enquanto as investigações seguem em andamento, o clima dentro do órgão é de cautela e reestruturação. Servidores relataram aumento no controle interno e revisões em processos específicos, com foco em identificar possíveis fraudes passadas. A direção interina do INSS trabalha para reorganizar fluxos administrativos e reforçar a transparência nas análises de benefícios.

O desfecho das investigações será determinante não apenas para as implicações jurídicas dos envolvidos, mas também para os rumos da gestão previdenciária no país. A dimensão dos fatos apurados até agora indica que a reconstrução da confiança no sistema exigirá medidas profundas, acompanhadas de fiscalização permanente e maior integração entre órgãos de controle.

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