Tim Booth revela à RS o que espera dos shows do James no Brasil e comenta Madchester
O vocalista Tim Booth, à frente da banda britânica James, concedeu entrevista à revista Rolling Stone na qual abordou três temas centrais: a experiência de tocar no Brasil, os segredos da longevidade da banda e suas raízes no movimento Madchester.
Shows no Brasil
Booth afirmou que as apresentações no Brasil têm “uma energia diferente” e que a banda sente que há “uma nova faixa de público” surgindo aqui, mesmo depois de décadas na estrada. Ele comentou que, ao subir ao palco no país, o grupo procura traduzir essa energia em interação, misturando clássicos e faixas mais recentes.
Ele também destacou que, embora originalmente James fosse mais conhecido no Reino Unido, o público brasileiro representa para eles “uma espécie de renovação”, onde a banda se encontra como se fosse “um novo começo”.
Longevidade da banda
Questionado sobre o que permite à banda continuar ativa e relevante após mais de 40 anos, Booth foi direto: “Não tratamos isso como nostalgia pura. Queremos fazer o que fazemos como se estivéssemos começando.” Ele disse que a chave está em “a honestidade no palco” e na disposição de assumir evoluções — seja pelo som, por mudanças de formação ou pela maneira de se conectar com o público — sem abrir mão da essência.
Ele lembrou que houve mudanças de membros, pausas e retornos, mas que James sempre manteve o desejo de avançar. “Se parássemos de sentir que ainda havia algo a dizer, talvez teríamos acabado. Mas ainda há”, comentou.
Madchester e as raízes
Sobre a origem da banda na cena de Manchester, conhecida por Madchester — que misturava indie rock, acid house e baggy fashion no final dos anos 80/começo dos 90 — Booth foi ponderado: “Estávamos em Manchester; éramos parte disso, mas nunca nos vimos como bandeira desse movimento.” Ele enfatizou que, embora tenham convivido com grupos como Happy Mondays e The Stone Roses, o James sempre manteve uma identidade própria.
Ele usou a expressão “um pouco ao lado” da cena Madchester, explicando que isso os permitiu crescer “sem a pressão de sermos definidos só por aquilo”. Segundo sua visão, essa independência conceitual foi um dos fatores que contribuiu para que a banda ainda faça turnês, grave novos álbuns e permaneça criativa.
Considerações finais
Booth finalizou dizendo que está “orgulhoso” por tocar para fãs que os acompanham desde os anos 90 e para aqueles que descobrem o James agora. Ele acredita que os shows no Brasil têm um papel especial: “Quando vemos alguém cantar uma música nossa de março de 1993 como se fosse de hoje, percebemos que fizemos algo que transcende nossa própria história”.
Sobre novidades, ele adiantou que a banda está trabalhando em novo material e que os próximos shows estarão “carregados de momentos que ainda não fizemos aqui”.

