Economia

Lucro do Banco do Brasil despenca 60% no terceiro trimestre e encerra período com resultado de R$ 3,8 bilhões

O Banco do Brasil (BB) divulgou nesta segunda-feira seu balanço financeiro referente ao terceiro trimestre do ano, revelando uma queda expressiva de 60% no lucro líquido, que atingiu R$ 3,8 bilhões. O resultado ficou bem abaixo das expectativas do mercado e reflete o impacto de provisões maiores para calotes, aumento das despesas operacionais e retração na rentabilidade de algumas carteiras de crédito.

De acordo com o relatório oficial, a principal explicação para a forte redução está relacionada à alta nas provisões para devedores duvidosos (PDD), que cresceram mais de 70% em relação ao mesmo período do ano anterior. O banco decidiu reforçar o colchão de segurança diante do aumento da inadimplência, especialmente em operações de crédito consignado, financiamento de veículos e linhas voltadas a pequenas e médias empresas.

A instituição financeira também destacou que o cenário macroeconômico desafiador, com juros ainda elevados e menor ritmo de atividade econômica, contribuiu para a redução do lucro. A combinação desses fatores levou à pressão sobre margens financeiras e à desaceleração do crédito, especialmente no segmento de pessoas físicas.

Mesmo com a queda no lucro, o Banco do Brasil mantém uma posição sólida em termos de capitalização e liquidez. O índice de Basileia, que mede a capacidade do banco de suportar riscos, permaneceu em patamar confortável, acima de 15%. A carteira de crédito total cresceu 7% em doze meses, alcançando R$ 1,14 trilhão, impulsionada principalmente pelas operações de crédito rural e imobiliário.

Outro ponto destacado no balanço foi o aumento das despesas administrativas e de pessoal, que subiram cerca de 12% no trimestre. O crescimento é atribuído à recomposição salarial e a investimentos em modernização tecnológica, parte da estratégia do banco para digitalizar serviços e ampliar a eficiência operacional.

No lado da receita, o resultado das operações com serviços e tarifas mostrou estabilidade, com leve avanço de 2%. Entretanto, as receitas de tesouraria e investimentos recuaram fortemente, refletindo a volatilidade nos mercados financeiros e a menor rentabilidade das aplicações.

Apesar da redução expressiva do lucro, a administração do banco reafirmou que o desempenho continua dentro dos parâmetros esperados para o cenário atual, destacando que a instituição permanece entre as mais rentáveis do sistema financeiro público. Ainda assim, o resultado trimestral acende um sinal de alerta quanto à necessidade de ajustes internos e maior controle de custos para recuperar a margem operacional nos próximos períodos.

O retorno sobre o patrimônio líquido (ROE), indicador de rentabilidade, caiu de 19,2% para 7,4% no trimestre, representando a maior retração desde 2020. Analistas apontam que, embora o banco tenha enfrentado uma deterioração pontual nos resultados, a tendência para os próximos trimestres dependerá da recuperação da economia e da evolução da inadimplência.

O Banco do Brasil também informou que continuará ampliando o crédito para o agronegócio e projetos de sustentabilidade, setores que vêm mantendo crescimento mesmo em um ambiente econômico mais instável. As linhas de crédito rural, por exemplo, tiveram alta de 11% em doze meses, alcançando R$ 360 bilhões em saldo, o que reforça o protagonismo da instituição nesse segmento.

A diretoria reforçou que o foco da estratégia para 2025 será equilibrar rentabilidade e risco, priorizando operações de menor inadimplência e ampliando a digitalização do atendimento. O banco pretende acelerar investimentos em inteligência artificial e automação de processos para reduzir custos e aumentar a eficiência operacional.

Mesmo com o desempenho abaixo do esperado, o Banco do Brasil mantém uma base de clientes sólida, com mais de 70 milhões de correntistas ativos, e continua sendo um dos maiores financiadores do crédito agrícola do país. O resultado negativo, segundo especialistas, reflete mais uma fase de ajuste e prudência do que uma fragilidade estrutural da instituição.

O relatório do terceiro trimestre encerra um período de pressão sobre o setor bancário como um todo, que vem enfrentando margens menores e custos crescentes de captação. A expectativa é que, com a esperada redução gradual da taxa Selic, o desempenho dos bancos públicos e privados melhore nos próximos trimestres, ajudando a recuperar a lucratividade perdida ao longo de 2024.

Com o lucro líquido de R$ 3,8 bilhões, o Banco do Brasil fecha o trimestre demonstrando resiliência em meio à instabilidade, mas com a necessidade de ajustes estratégicos para retomar o ritmo de crescimento e eficiência financeira no próximo ano.

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