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Pesquisa Quaest indica que maioria dos eleitores defende que Bolsonaro desista e apoie outro nome em 2026

Uma nova pesquisa divulgada pelo Instituto Quaest revelou um dado significativo sobre o futuro político do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo o levantamento, 67% dos entrevistados afirmam que Bolsonaro deveria abrir mão de disputar as eleições presidenciais de 2026 e apoiar outro candidato da direita. O resultado indica um desgaste crescente da imagem do ex-chefe do Executivo e reforça o desafio da oposição em construir uma alternativa eleitoral competitiva para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

De acordo com os dados da pesquisa, apenas 28% dos entrevistados defendem que Bolsonaro deve insistir em concorrer novamente à Presidência, enquanto 5% não souberam ou preferiram não responder. O levantamento mostra que, mesmo entre eleitores identificados com a direita, há um movimento de saturação em relação ao ex-presidente, especialmente após os desdobramentos de investigações judiciais e o seu inelegibilidade determinada pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O estudo também aponta que a percepção de que Bolsonaro se tornou um obstáculo à renovação política cresce dentro do próprio campo conservador. Parte significativa do eleitorado avalia que o ex-presidente deveria atuar como uma espécie de “mentor político”, apoiando um nome mais viável eleitoralmente, como o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro, ambos frequentemente citados como possíveis herdeiros políticos de sua base.

Na análise regional, a pesquisa revela que a rejeição a uma nova candidatura de Bolsonaro é maior no Sudeste e no Nordeste, onde mais de 70% dos entrevistados se mostram contrários ao seu retorno ao pleito. Já nas regiões Sul e Centro-Oeste, o apoio à sua candidatura ainda é expressivo, embora minoritário. Entre os eleitores evangélicos, tradicionalmente um dos segmentos mais fiéis ao bolsonarismo, o índice de apoio cai para 45%, enquanto 52% defendem que o ex-presidente apoie outro nome.

A Quaest também investigou quais seriam os nomes preferidos do eleitorado de direita caso Bolsonaro decidisse não disputar. Nesse cenário, Tarcísio de Freitas aparece como o principal beneficiado, com cerca de 31% das intenções de voto entre os eleitores bolsonaristas, seguido por Michelle Bolsonaro, que soma 26%. Outros nomes citados incluem Romeu Zema (Novo) e Sérgio Moro (União Brasil), ambos com percentuais inferiores a 10%.

Os números reforçam a percepção de que o ex-presidente ainda exerce forte influência sobre seu eleitorado, mas que parte significativa da população já busca uma renovação dentro do campo conservador. Analistas políticos interpretam o resultado como um sinal de enfraquecimento do protagonismo pessoal de Bolsonaro, mas também como um indicativo de que seu capital político ainda pode ser decisivo se transferido a um aliado de confiança.

Segundo especialistas ouvidos pela Quaest, a combinação entre inelegibilidade e fadiga política tem limitado a capacidade de Bolsonaro de liderar a oposição de forma efetiva. Além disso, as investigações em curso e o avanço de processos relacionados aos eventos de 8 de janeiro continuam a gerar desgaste junto ao eleitorado moderado, reduzindo o potencial de expansão de sua base.

A pesquisa também mostra que 45% dos entrevistados acreditam que o bolsonarismo continuará existindo, mesmo sem Bolsonaro como candidato, o que reforça a ideia de que o movimento político criado em torno de sua figura deve persistir, ainda que sob nova liderança.

A Quaest conclui que a direita brasileira enfrenta um dilema estratégico para 2026: manter a fidelidade a Bolsonaro e arriscar uma candidatura enfraquecida, ou apostar em novos nomes capazes de unir o campo conservador e ampliar o alcance junto ao eleitorado de centro.

O levantamento foi realizado entre os dias 3 e 7 de novembro, com 2.000 entrevistas presenciais em todas as regiões do país. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos. Os resultados reforçam que a sucessão dentro do bolsonarismo será um dos principais temas da disputa política nos próximos meses, à medida que o cenário eleitoral de 2026 começa a se desenhar com maior clareza.

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