Economia

Inflação desacelera fortemente: outubro registra menor variação em 27 anos

Em um movimento que surpreendeu analistas, o índice oficial de inflação no Brasil registrou variação de apenas 0,09% em outubro de 2025. Essa foi a menor alta para o mês de outubro em 27 anos, o que demonstra um arrefecimento expressivo da alta de preços em um período tradicionalmente mais pressionado pela demanda de fim de ano.


Por que a inflação perdeu força

A queda expressiva decorre, em grande parte, da retração no custo da energia elétrica residencial, que registrou variação negativa superior a 2% no mês. Esse item teve peso decisivo no resultado geral, aliviando o orçamento das famílias e compensando pequenas altas em outros setores.

Outro fator importante foi a estabilidade quase total dos preços no segmento de alimentação e bebidas, grupo que normalmente responde por grande parte do índice. A produção agrícola em ritmo forte e a redução dos custos logísticos contribuíram para a manutenção dos preços em patamares baixos.

Em comparação com setembro, quando a inflação havia sido de 0,48%, o resultado de outubro representa uma desaceleração significativa, reforçando a tendência de estabilidade no segundo semestre. No acumulado do ano até outubro, a inflação soma 3,73%, enquanto o acumulado em 12 meses chega a 4,68%, indicando convergência gradual à meta do Banco Central.


O que o resultado revela sobre a economia

O dado de outubro confirma que as políticas de controle inflacionário estão surtindo efeito. A manutenção da taxa básica de juros em níveis altos ajudou a conter o consumo, enquanto medidas de ajuste tarifário e controle de gastos públicos reforçaram o cenário de estabilidade de preços.

Para as famílias, o impacto é direto: o poder de compra perdeu menos valor, e itens básicos do dia a dia — como alimentos, energia e combustíveis — apresentaram comportamento mais previsível. Para o mercado financeiro, o resultado é visto como sinal de que o país pode encerrar o ano com inflação dentro do intervalo de tolerância da meta, o que abre espaço para futuras reduções de juros.

Por outro lado, uma inflação muito baixa também pode indicar enfraquecimento da demanda interna. O consumo das famílias ainda se mantém moderado, e o varejo enfrenta desafios para retomar o ritmo de vendas. Assim, a desaceleração, embora positiva para o bolso, também reflete um ambiente econômico mais contido.


Pontos de atenção

Apesar do alívio inflacionário, o cenário exige cautela. Parte da desaceleração decorre de fatores pontuais, como ajustes temporários em tarifas e recuos sazonais em alguns grupos de preços. Além disso, pressões futuras podem vir de reajustes salariais, aumento de custos de serviços e oscilações no câmbio, que afetam produtos importados.

Os setores de saúde, educação e vestuário ainda registram variações positivas, o que mostra que a estabilidade não é uniforme. Já combustíveis e energia continuam sendo os principais responsáveis por segurar o índice geral.


Conclusão

O resultado de outubro representa um marco importante: é o menor nível de inflação para o mês em quase três décadas. Ele indica que o país atravessa um período de maior controle de preços e estabilidade macroeconômica, após anos de volatilidade.

Ainda que o momento seja de alívio, a manutenção dessa trajetória dependerá de fatores externos e internos — como a política fiscal, a cotação do dólar e o ritmo de crescimento da economia. Se a tendência de desaceleração continuar, o Brasil poderá encerrar o ano com inflação próxima ao centro da meta, consolidando um cenário de previsibilidade e confiança para consumidores e investidores.

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