Economia

Demanda por crédito avança 3,8% em setembro, aponta levantamento da Neurotech sobre comportamento do consumidor

A busca por crédito no Brasil registrou um aumento de 3,8% em setembro, segundo levantamento divulgado pela empresa de inteligência artificial Neurotech, especializada em soluções analíticas para o mercado financeiro. O resultado reflete um movimento de recuperação gradual na procura por financiamentos, impulsionado pela melhora nas expectativas econômicas e pela estabilização dos índices de inadimplência em alguns segmentos.

De acordo com o relatório, o avanço na demanda foi puxado, principalmente, pelas linhas de crédito voltadas ao consumo, como cartões, financiamentos de veículos e empréstimos pessoais. O estudo indica que o comportamento das famílias brasileiras tem se tornado mais confiante em relação às condições de crédito, embora ainda persista cautela diante do cenário de juros elevados e renda limitada.

A Neurotech destacou que o crescimento em setembro rompeu uma sequência de meses de estabilidade e demonstra uma retomada do apetite por consumo. A expansão foi mais visível entre consumidores de faixas de renda média e baixa, que voltaram a recorrer ao crédito para recompor orçamentos domésticos e realizar compras parceladas. Já entre os consumidores de maior renda, o aumento foi mais moderado, concentrado em operações de maior valor, especialmente no segmento de automóveis.

O levantamento também mostrou que o setor de varejo foi um dos principais beneficiados pela elevação da procura. Com a chegada das campanhas de liquidação e o aquecimento do comércio em preparação para o fim do ano, o uso de linhas de crédito para compras cresceu acima da média nacional. O cartão de crédito, segundo a pesquisa, continua sendo o principal instrumento financeiro do consumidor brasileiro, responsável por mais da metade das novas solicitações de crédito.

No setor automotivo, o aumento na procura por financiamento de veículos novos e usados foi de 4,5% em relação a agosto. As instituições financeiras relatam maior disposição para aprovar operações, impulsionadas pela redução dos estoques e pela melhora nos índices de pagamento. Já o crédito imobiliário manteve um ritmo mais contido, com alta de 1,2%, reflexo da persistência de taxas ainda elevadas e da cautela dos bancos diante de prazos mais longos.

Para o diretor de inovação da Neurotech, o comportamento observado em setembro indica uma tendência de ajuste do mercado de crédito brasileiro. Embora o custo do crédito ainda seja alto, a demanda crescente sugere que o consumidor começa a se adaptar ao novo cenário econômico. Segundo a análise, fatores como o aumento da renda formal, a desaceleração da inflação e a expectativa de cortes adicionais na taxa Selic têm contribuído para esse movimento.

A pesquisa também apontou diferenças regionais significativas. As regiões Nordeste e Centro-Oeste apresentaram as maiores taxas de crescimento na busca por crédito, com 5,2% e 4,8%, respectivamente. O Sul e o Sudeste tiveram aumento mais moderado, refletindo o impacto da renda mais estável e do nível de endividamento já elevado. No Norte, a variação foi de 3,1%, acompanhando a média nacional.

Apesar da recuperação observada, o estudo alerta que o nível de inadimplência ainda segue elevado, especialmente em operações de curto prazo. A Neurotech observou que 30% das solicitações de crédito são feitas por consumidores com histórico recente de atraso, o que exige atenção por parte das instituições financeiras na avaliação de risco.

Economistas consultados pelo mercado avaliam que a elevação na procura por crédito pode ser um indicador positivo para o consumo no último trimestre do ano. A expectativa é que o desempenho de setembro sirva de impulso para as vendas da Black Friday e do Natal, períodos que tradicionalmente movimentam o varejo e o setor de serviços.

Para os especialistas, a retomada da confiança do consumidor é um dos principais motores para o crescimento econômico no fim de 2025. No entanto, eles destacam que a sustentabilidade desse avanço depende da manutenção do controle inflacionário e de novas reduções graduais na taxa básica de juros.

O relatório da Neurotech encerra apontando que, apesar do aumento na procura, o mercado de crédito brasileiro ainda opera sob condições restritivas, com concessões limitadas e foco em clientes de menor risco. A expectativa para os próximos meses é de uma expansão moderada, acompanhada por maior seletividade nas aprovações.

Com o resultado de setembro, o setor financeiro reforça o otimismo cauteloso em torno de uma recuperação mais consistente do crédito ao consumidor. O avanço de 3,8% pode sinalizar o início de um novo ciclo de retomada, mas também deixa claro que o equilíbrio entre crescimento e responsabilidade financeira continua sendo o maior desafio do sistema bancário brasileiro.

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