Economia

Mercados asiáticos encerram em queda após recuo em Nova York e nova onda de cautela com o setor de inteligência artificial

As principais bolsas da Ásia fecharam o pregão em território negativo, refletindo o impacto da forte queda registrada nas ações de tecnologia em Nova York e o aumento da incerteza em torno do futuro da inteligência artificial (IA). O movimento global de aversão ao risco fez com que investidores na região ajustassem suas posições, temendo uma possível desaceleração no ritmo de crescimento das empresas ligadas ao setor.

Em Tóquio, o índice Nikkei 225 recuou após sucessivas sessões de ganhos, com destaque para as quedas de companhias do segmento de semicondutores e de equipamentos eletrônicos. As ações de grandes nomes da tecnologia, como Tokyo Electron, Advantest e SoftBank Group, foram fortemente pressionadas, acompanhando a retração de gigantes norte-americanas do mesmo ramo.

O movimento também se repetiu em outros importantes mercados asiáticos. Em Seul, o Kospi registrou baixa consistente, puxada por empresas de tecnologia e exportação, enquanto em Hong Kong, o Hang Seng voltou a recuar após uma breve recuperação. As bolsas de Xangai e Shenzhen, na China continental, acompanharam o tom negativo, embora em ritmo mais moderado, com investidores avaliando o impacto das tensões externas sobre o desempenho doméstico.

O gatilho principal para a correção veio de Wall Street, onde as ações de empresas ligadas à inteligência artificial sofreram forte desvalorização após uma série de relatórios indicarem que o mercado pode ter superestimado o potencial de crescimento no curto prazo. O temor de que o entusiasmo em torno da IA esteja perdendo força levou investidores globais a reduzir exposição em papéis de tecnologia, o que repercutiu imediatamente nas praças asiáticas.

Além disso, as preocupações com a valorização excessiva de empresas do setor e os altos custos de investimento em infraestrutura de IA começaram a pesar nas decisões de alocação de recursos. Especialistas afirmam que o setor ainda apresenta potencial robusto, mas que o ritmo de expansão pode se ajustar à realidade de mercado, especialmente diante de juros elevados e pressões inflacionárias em economias desenvolvidas.

Na China, os investidores também reagiram à falta de novos estímulos econômicos por parte do governo central. Apesar das recentes medidas voltadas ao setor imobiliário e ao crédito, o sentimento geral é de que a recuperação econômica chinesa ainda avança de forma irregular, o que reforça a cautela nos mercados regionais. O enfraquecimento da demanda global por produtos eletrônicos e industriais tem afetado diretamente as exportações do país e, por consequência, o desempenho de suas companhias de tecnologia.

No Japão, o iene manteve-se relativamente estável frente ao dólar, mas a volatilidade cambial ainda preocupa investidores, sobretudo aqueles ligados às empresas exportadoras, que dependem de margens ajustadas para competir globalmente. O Banco do Japão segue observando de perto as condições do mercado, diante das especulações de que possa haver mudanças graduais em sua política monetária ultraflexível.

Já na Coreia do Sul, os investidores monitoram de perto os dados de exportação de chips e componentes eletrônicos, que permanecem abaixo das médias históricas. O país, fortemente dependente de grandes conglomerados como Samsung e SK Hynix, sente diretamente o impacto da retração global no setor de semicondutores — um dos mais afetados pela recente onda de correção nos papéis de IA.

Em Hong Kong, a pressão sobre as empresas listadas no Hang Seng Tech Index foi ainda mais intensa. O índice, que reúne as principais companhias tecnológicas chinesas, caiu em resposta à aversão global ao risco e às persistentes dúvidas sobre o ambiente regulatório no país. Investidores estrangeiros continuam demonstrando reserva quanto à previsibilidade das políticas econômicas e tecnológicas de Pequim, o que limita fluxos de capital para o mercado local.

Analistas destacam que o recuo generalizado das bolsas asiáticas não indica uma reversão de tendência de longo prazo, mas sim uma correção natural após meses de valorização impulsionada pela euforia com a inteligência artificial. O mercado, segundo eles, passa agora por um momento de reavaliação, no qual se busca distinguir projetos sustentáveis de curto e médio prazo daqueles baseados apenas em expectativas especulativas.

O sentimento predominante é o de cautela e realinhamento das apostas globais. Com as próximas divulgações de resultados trimestrais de grandes empresas de tecnologia, investidores esperam novos sinais sobre a lucratividade do setor e sua capacidade de manter margens sólidas em meio à pressão por redução de custos. Até lá, os mercados asiáticos devem continuar operando sob o peso da prudência e da volatilidade, acompanhando cada passo dos mercados americanos e as projeções sobre o futuro da inteligência artificial no cenário econômico mundial.

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