Amorim defende integração regional e diz que estabilidade da Venezuela é estratégica para o continente
O assessor especial da Presidência para assuntos internacionais, Celso Amorim, voltou a enfatizar a importância de fortalecer a integração política e diplomática entre os países da América do Sul. Em declaração recente, Amorim afirmou que “a América do Sul precisa se defender enquanto região”, destacando que a situação da Venezuela deve ser tratada com diálogo e cooperação, e não com isolamento ou pressão externa.
A fala ocorre em um momento em que o continente enfrenta desafios simultâneos: disputas políticas internas, pressões econômicas, crises migratórias e a presença crescente de interesses internacionais vindos de potências de fora da região. Para Amorim, a América do Sul só conseguirá lidar com esses elementos se agir de forma coordenada. Segundo ele, é necessário evitar que tensões locais se transformem em novos focos de instabilidade geopolítica.
Amorim destacou que a Venezuela, apesar de atravessar crise política e econômica, continua sendo peça importante na estrutura regional, tanto pela sua localização estratégica quanto pelo peso energético que possui. Nesse contexto, ele defende que países vizinhos atuem como mediadores e facilitadores de diálogo, buscando soluções internas que respeitem a soberania do país. A lógica, segundo Amorim, é que conflitos prolongados ou intervenções externas costumam agravar problemas ao invés de resolvê-los.
A posição apresentada segue uma linha diplomática que busca revitalizar organismos regionais, como a União de Nações Sul-Americanas (Unasul) e o Conselho de Defesa Sul-Americano, que perderam protagonismo nos últimos anos. A ideia é retomar canais institucionais que permitam que governos discutam divergências de forma estável, com foco em cooperação em segurança, comércio, infraestrutura e políticas sociais.
Além disso, Amorim chamou atenção para o fato de que a América do Sul tem sido palco de disputas de influência entre grandes potências, especialmente Estados Unidos e China. Segundo ele, a região só terá voz própria se falar de forma conjunta. Caso contrário, corre o risco de se tornar palco de conflito indireto entre interesses externos que pouco dialogam com as necessidades locais.
Em sua visão, defender a América do Sul não significa concordar com todos os governos da região, mas sim evitar que conflitos internos sirvam de justificativa para intervenções ou pressões que fragilizem a soberania dos países. O argumento se apoia na ideia de que a estabilidade de um país sul-americano impacta diretamente seus vizinhos, seja em fluxos migratórios, comércio, segurança de fronteiras ou integração energética.
Ao mesmo tempo, a posição de Amorim indica que o Brasil deseja reassumir papel ativo na diplomacia continental. O governo trabalha para se posicionar como mediador e articulador de pontes, buscando reduzir tensões e reforçar o conceito de que os destinos políticos da região devem ser discutidos na própria região.
No cenário atual, marcado por desafios econômicos e reconfigurações globais, a fala de Amorim aponta para um retorno à política externa que prioriza cooperação regional e autonomia estratégica, pilares históricos da diplomacia brasileira em décadas anteriores.

