Economia

Desemprego permanece em 5,6% no 3º trimestre e mantém mercado de trabalho estável

A taxa de desemprego no Brasil ficou em 5,6% no terceiro trimestre, mantendo o menor nível já registrado para esse período desde que os levantamentos comparáveis passaram a ser feitos. O resultado consolida um momento de estabilidade do mercado de trabalho, com oferta de vagas mais consistente e absorção maior de trabalhadores antes fora da força de trabalho.

Apesar da manutenção da taxa, a sensação no cotidiano dos trabalhadores é variada. Há melhora em segmentos como comércio e serviços, mas ainda existe dificuldade para recolocação em ocupações formais de salários mais altos. O equilíbrio do mercado de trabalho se constrói de maneira diferente dependendo da região, do setor e do nível de escolaridade.

Expansão do emprego e efeitos na renda

Nos últimos meses, o aumento da ocupação foi puxado principalmente por:

  • serviços presenciais, como bares, restaurantes e turismo;
  • atividades administrativas e de apoio;
  • varejo e comércio popular;
  • construção civil.

Mesmo com a geração de vagas, a formalização avança de forma mais lenta. Muitos trabalhadores continuam em postos informais ou em modelo de prestação de serviço por demanda, sem vínculo permanente. O emprego com carteira assinada segue crescendo, mas ainda não recuperou de forma homogênea os salários que eram pagos antes da pandemia.

A renda média real do trabalhador tem mostrado recuperação gradual. O movimento é influenciado tanto pela melhora do poder de compra causada pela inflação mais controlada, quanto pela necessidade das empresas de atrair mão de obra em setores com maior rotatividade.

Quem mais se beneficia e quem ainda enfrenta dificuldades

Os grupos que mais sentiram redução do desemprego foram:

  • pessoas com ensino médio completo;
  • mulheres que retornaram ao mercado após a pandemia;
  • trabalhadores de municípios do interior, onde pequenas empresas se recuperaram mais rápido.

Já o cenário é mais desafiador para:

  • jovens em busca do primeiro emprego;
  • profissionais que perderam postos formais mais qualificados;
  • trabalhadores de setores industriais que ainda operam abaixo da capacidade.

A dificuldade de transição para vagas com melhores salários continua sendo um dos principais pontos de atenção. Muitas pessoas estão trabalhando, mas ganhando menos do que ganhavam antes.

Perspectivas para os próximos meses

O comportamento da economia nos próximos trimestres deve influenciar diretamente o ritmo do mercado de trabalho. A manutenção do consumo interno, a dinâmica dos juros e a capacidade de investimento público e privado vão determinar se a taxa de desemprego permanece próxima do nível atual ou volta a subir.

Se o consumo crescer de forma moderada e os setores de serviços continuarem aquecidos, a tendência é de estabilidade. Por outro lado, se houver desaceleração forte ou aperto nos gastos das famílias, a criação de empregos pode perder força.

Um país que trabalha, mas ainda busca melhores condições

O atual patamar de desemprego traduz um país que, embora esteja empregando mais, ainda enfrenta desafios para transformar essas oportunidades em trabalho estável, com renda suficiente e projeção de futuro. A agenda que se desenha a partir de agora passa pela qualificação profissional, estímulo à formalização e políticas para reduzir desigualdades regionais.

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