Governo brasileiro solicita a Trump revisão de tarifas sem ampliar exceções comerciais
O governo do Brasil encaminhou um pedido formal ao presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para que sejam revistas as alíquotas impostas a produtos brasileiros, buscando uma solução diplomática que não envolva a ampliação da lista de exceções comerciais já existente entre os dois países. A solicitação foi feita em meio a um cenário de tensão no comércio internacional, marcado por medidas protecionistas e negociações bilaterais que têm ganhado intensidade nas últimas semanas.
De acordo com integrantes do Ministério das Relações Exteriores e do Ministério da Fazenda, o Brasil tenta manter o diálogo aberto com Washington para evitar que setores estratégicos, como o de aço, alumínio e produtos agrícolas, sejam ainda mais afetados por barreiras tarifárias impostas nos últimos meses. O governo brasileiro aposta em um acordo que preserve o fluxo comercial entre os dois países sem recorrer a medidas de retaliação.
O pedido à Casa Branca busca convencer Trump de que as tarifas atuais prejudicam não apenas exportadores brasileiros, mas também empresas norte-americanas que dependem de insumos produzidos no Brasil. A proposta inclui um conjunto de argumentos técnicos, elaborados por especialistas do Itamaraty e da equipe econômica, que destacam a interdependência das cadeias produtivas e o impacto negativo que restrições prolongadas podem gerar para ambos os lados.
Segundo fontes próximas às negociações, o Brasil tenta evitar a ampliação da chamada “lista de exceções”, mecanismo que permite aumentar a tarifa de importação sobre determinados produtos. A estratégia é manter o atual escopo de exceções, sem recorrer a novas proteções, para não comprometer o equilíbrio comercial e a previsibilidade dos contratos internacionais.
O governo brasileiro também aposta no apoio de setores empresariais dos Estados Unidos, especialmente da indústria automotiva e agrícola, que têm pressionado o governo americano por uma redução de tarifas que encarecem custos de produção. O Itamaraty acredita que essa pressão doméstica pode favorecer uma reavaliação do tema pela Casa Branca.
Analistas econômicos avaliam que o pedido brasileiro é um movimento de diplomacia pragmática, alinhado com a tentativa de fortalecer laços comerciais e evitar a fragmentação de acordos estratégicos. A revisão das tarifas seria, na visão do governo, uma forma de restabelecer o equilíbrio no comércio bilateral, ampliando oportunidades para ambos os mercados.
O contexto global, marcado por disputas comerciais e reconfigurações geopolíticas, torna o diálogo ainda mais relevante. O Brasil, que busca diversificar suas parcerias internacionais, tenta ao mesmo tempo preservar a boa relação com os Estados Unidos, um dos seus principais parceiros econômicos e destino de produtos de alto valor agregado.
Nas últimas reuniões técnicas realizadas entre autoridades dos dois países, representantes brasileiros reforçaram a disposição em manter um comércio previsível, competitivo e mutuamente vantajoso. A delegação brasileira também ressaltou que o país tem cumprido todos os compromissos assumidos em acordos multilaterais, o que fortalece o argumento em favor da reversão tarifária.
Fontes diplomáticas indicam que o governo de Trump recebeu o pedido brasileiro com cautela, mas demonstrou disposição em avaliar o tema, especialmente diante do interesse em reduzir tensões com parceiros estratégicos na América Latina. Caso a revisão seja aceita, especialistas acreditam que o impacto pode ser imediato em setores como o siderúrgico e o agroindustrial, que hoje enfrentam custos mais altos para competir no mercado americano.
O governo brasileiro segue acompanhando de perto o desdobramento das tratativas e pretende manter uma linha de comunicação direta com autoridades norte-americanas para garantir que a pauta comercial avance de forma equilibrada. A expectativa é que um acordo sobre o tema possa abrir caminho para novas negociações bilaterais em áreas como tecnologia, energia e investimentos, fortalecendo a parceria econômica entre Brasil e Estados Unidos.

