Waack alerta: Executivo e Legislativo seguem em sintonia enquanto crise da dívida se agrava
O comentarista William Waack chamou atenção para a atual relação entre o governo federal e o Congresso Nacional ao comparar as ações de ambas as instituições à famosa cena do Titanic, tocando violino enquanto o navio afunda. Segundo a análise, há uma desconexão entre o ritmo das políticas públicas e a gravidade da situação fiscal brasileira, especialmente diante do crescimento acelerado da dívida pública.
A comparação de Waack ressalta que, apesar de sinais claros de risco econômico, o Executivo e o Legislativo continuam a aprovar medidas e conduzir políticas sem o devido alinhamento estratégico para conter o avanço da dívida. O comentarista destacou que a aprovação de projetos de lei que ampliam despesas e a tramitação de MPs com impacto fiscal significativo podem agravar o quadro de desequilíbrio orçamentário do país.
Dados do Tesouro Nacional indicam que a dívida pública brasileira continua em trajetória ascendente, ultrapassando 80% do Produto Interno Bruto (PIB) em 2025. A manutenção de juros altos, combinada com o aumento das despesas obrigatórias, como previdência e repasses aos estados, aumenta a pressão sobre o orçamento federal. Especialistas apontam que a situação exige medidas coordenadas, mas percebem sinais de dispersão e falta de estratégia conjunta entre governo e Congresso.
No Legislativo, a aprovação de emendas parlamentares, reajustes salariais e incentivos fiscais sem contrapartida financeira adequada reforça a percepção de que há um descompasso entre discursos de responsabilidade fiscal e ações concretas. Por outro lado, o Executivo tem buscado formas de compensar essas despesas por meio de projetos de lei que aumentam a arrecadação ou reconfiguram a estrutura tributária, mas nem sempre há consenso sobre a eficácia ou impacto dessas medidas.
A metáfora de Waack sugere que, enquanto os parlamentares e ministros conduzem negociações e discussões internas, a gravidade do problema fiscal continua a crescer, exigindo planejamento de longo prazo. A situação é ainda mais sensível devido à proximidade das eleições de 2026, que podem estimular o aumento de gastos para atender demandas eleitorais e regionais, tornando a contenção da dívida ainda mais complexa.
Economistas alertam que a continuidade dessa dinâmica sem medidas estruturais de ajuste pode gerar aumento da inflação, pressão sobre a taxa de câmbio e maior vulnerabilidade do país a choques externos. A combinação de despesas crescentes e arrecadação limitada exige um esforço coordenado, que atualmente é percebido como insuficiente, reforçando a analogia com o Titanic: a sensação de urgência não se traduz em ações efetivas de contenção do risco.
O comentário de Waack também destaca a necessidade de responsabilidade política e técnica, lembrando que a gestão da dívida pública não é apenas um tema econômico, mas um fator central de estabilidade política e social. Medidas como o controle de gastos, reformas estruturais e planejamento fiscal de longo prazo são apontadas como essenciais para evitar crises futuras e reduzir a dependência de soluções emergenciais.
Enquanto isso, o governo busca avançar em projetos que possam gerar receitas adicionais, como privatizações, concessões e tributos sobre setores específicos da economia. No entanto, a oposição e analistas críticos observam que tais medidas, isoladas, podem não ser suficientes para conter a escalada da dívida, especialmente se não houver coordenação com o Congresso e alinhamento com políticas de longo prazo.
O alerta feito por Waack reforça a necessidade de olhar para além de medidas imediatistas e de curto prazo, destacando que a sustentabilidade fiscal é um processo contínuo que exige compromisso de todas as esferas de poder. Sem esse alinhamento, o país corre o risco de repetir padrões de instabilidade e se tornar mais vulnerável a choques econômicos internacionais, mantendo-se em uma situação delicada semelhante à simbólica imagem do navio que afunda enquanto a orquestra continua tocando.
A análise conclui que, apesar do esforço retórico e das negociações constantes, apenas uma atuação coordenada, transparente e baseada em planejamento técnico poderá evitar que a crise da dívida se transforme em um problema de proporções ainda maiores para o Brasil nos próximos anos.