Politica

Eduardo Bolsonaro usará parecer da PGR para reforçar narrativa de perseguição política

O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) deve utilizar o parecer da Procuradoria-Geral da República (PGR), que recomenda o arquivamento de uma das investigações contra ele, como instrumento político para fortalecer seu discurso de que é alvo de uma “perseguição ideológica” por parte de setores do Judiciário e da mídia. A estratégia será central em suas próximas manifestações públicas e nas redes sociais, onde o parlamentar mantém intensa atuação.

Segundo aliados próximos, Eduardo vê o documento da PGR como uma validação jurídica de sua defesa, argumentando que as acusações apresentadas contra ele carecem de base legal e se sustentam em interpretações políticas de suas declarações. O deputado pretende ampliar essa narrativa em sintonia com outros nomes da direita que se dizem vítimas de “criminalização do pensamento conservador”.

“O parecer confirma aquilo que já venho dizendo: que tentam calar quem pensa diferente. Não há crime em defender valores e ideias. O que existe é um esforço para intimidar quem se opõe à esquerda”, afirmou o parlamentar em conversa com interlocutores de seu partido.


PGR afasta indícios de crime

O parecer da Procuradoria-Geral indica que não há elementos suficientes para prosseguir com o processo que investiga supostas declarações de Eduardo em defesa de atos antidemocráticos. A PGR apontou que as manifestações do deputado, embora polêmicas, estão protegidas pela liberdade de expressão parlamentar, e que a caracterização de incitação ao crime ou ataque às instituições exigiria provas mais consistentes de intenção golpista.

A posição da Procuradoria, no entanto, não impede que o Supremo Tribunal Federal (STF) mantenha as apurações em outras frentes, especialmente as ligadas à disseminação de desinformação e ao incentivo a discursos de ódio nas redes. Mesmo assim, o despacho da PGR é considerado uma vitória simbólica para o deputado, que há meses tenta mostrar que as investigações contra ele são parte de um processo de “lawfare político”.


Estratégia política e discurso de resistência

A avaliação dentro do PL é que Eduardo pretende usar o parecer como base retórica para reforçar a unidade entre apoiadores de Jair Bolsonaro, reavivando o discurso de que “a direita é tratada com dois pesos e duas medidas”. A comunicação do partido já prepara vídeos e postagens que destacam a decisão da PGR como um sinal de “reconhecimento da injustiça” sofrida pelo deputado.

Internamente, Eduardo é visto como um dos principais articuladores da estratégia digital da legenda, com forte influência sobre os núcleos de comunicação e sobre as bases mais mobilizadas do bolsonarismo. A expectativa é que ele intensifique sua atuação nas redes para transformar o episódio em uma bandeira contra o que chama de “ativismo judicial”.

“Essa decisão será usada para mostrar que há seletividade nas investigações e que o sistema tenta neutralizar figuras conservadoras”, afirmou um dirigente do PL, sob reserva.


Relação com o STF e o futuro da pauta bolsonarista

Mesmo com o parecer favorável da PGR, Eduardo Bolsonaro ainda enfrenta outros processos que correm no STF, o que mantém a tensão entre o bolsonarismo e o Judiciário. Nos bastidores, aliados defendem que o deputado mantenha o tom combativo, mas evite novas declarações que possam ser interpretadas como afronta direta às instituições.

A linha de comunicação do PL deve continuar explorando a ideia de que o sistema político “persegue lideranças conservadoras”, reforçando o elo emocional com o eleitorado de direita e preparando terreno para as eleições de 2026. Eduardo, por sua vez, busca consolidar sua imagem como porta-voz da resistência ideológica do bolsonarismo, ao lado do pai e de figuras como Michelle Bolsonaro e Carla Zambelli.


Conclusão

Com o apoio do parecer da PGR, Eduardo Bolsonaro ganha novo combustível para sustentar o discurso de que é vítima de perseguição política. A decisão, embora limitada em termos jurídicos, tem forte peso simbólico dentro da narrativa bolsonarista e deve ser amplamente explorada nas redes sociais e nos bastidores do Congresso.

O episódio mostra como o embate entre Judiciário e direita conservadora continua sendo uma das frentes mais sensíveis do cenário político brasileiro, em que cada avanço jurídico é rapidamente convertido em argumento político e mobilizador — tanto para reforçar alianças quanto para manter acesa a polarização que domina o país desde 2018.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *