Com presidente em missão na Itália, Alckmin assume abertura da Pré-COP e reforça papel climático do Brasil
Com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em viagem oficial a Roma, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, será o responsável por abrir oficialmente, nesta segunda-feira (13), a Pré-COP — evento preparatório para a Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas. A reunião antecede a COP 29, prevista para ocorrer no Azerbaijão, e servirá para alinhar posições políticas e técnicas sobre metas ambientais e de transição energética.
A presença de Alckmin no comando da cerimônia simboliza o engajamento do governo brasileiro em consolidar sua imagem como liderança global na agenda ambiental. Mesmo com Lula fora do país, o Palácio do Planalto quer demonstrar que o Brasil mantém unidade em torno dos compromissos climáticos, especialmente no que diz respeito à redução do desmatamento, à transição energética e à ampliação do uso de fontes limpas.
Durante o evento, Alckmin deverá destacar o papel do Brasil como potência verde e reforçar o discurso de que a sustentabilidade pode caminhar ao lado do desenvolvimento econômico. O vice-presidente tem defendido a ideia de uma “neoindustrialização sustentável”, em que a inovação e a tecnologia são pilares de um novo modelo produtivo capaz de gerar empregos e crescimento sem comprometer o meio ambiente.
Autoridades estrangeiras, representantes da ONU e ministros de diversos países participam da Pré-COP, que será palco de debates sobre financiamento climático, cumprimento de metas de descarbonização e mecanismos de cooperação internacional. O Brasil, que sediará a COP 30 em Belém, no Pará, em 2025, busca consolidar sua posição de destaque no diálogo global sobre mudanças climáticas e apresentar resultados concretos antes do encontro na Amazônia.
Lula, por sua vez, cumpre agenda em Roma, onde se reunirá com líderes europeus e representantes da Santa Sé. O presidente pretende reforçar parcerias estratégicas e discutir compromissos relacionados à erradicação da fome e à proteção ambiental — temas que, segundo o governo, estão diretamente ligados à pauta climática.
A ausência de Lula na abertura da Pré-COP não diminui a relevância da participação brasileira, segundo interlocutores do Planalto. A delegação nacional, composta por ministros e técnicos de diferentes pastas, deverá apresentar avanços obtidos desde o início do atual governo, como a queda nos índices de desmatamento na Amazônia e o avanço em políticas de energia renovável.
O evento também ocorre em meio a discussões internas sobre o papel do Brasil nas negociações climáticas internacionais. Integrantes da equipe econômica, liderados por Fernando Haddad, têm defendido o uso de instrumentos financeiros verdes para atrair investimentos e estimular a economia sustentável. Já o Itamaraty busca reforçar o protagonismo diplomático brasileiro como mediador entre países desenvolvidos e nações em desenvolvimento.
Outro ponto de destaque será a busca por uma posição comum entre os países latino-americanos para levar à COP 29. O Brasil tenta articular uma frente regional para exigir maior comprometimento das potências na transferência de recursos e tecnologias voltadas à transição energética, além de pressionar pela revisão das metas de emissões globais.
A Pré-COP é vista como uma oportunidade estratégica para o Brasil demonstrar resultados concretos antes da conferência principal. O governo pretende utilizar o encontro para apresentar dados sobre a recuperação florestal, o fortalecimento da agricultura de baixo carbono e os planos para o desenvolvimento de biocombustíveis e hidrogênio verde.
Com Alckmin à frente, a expectativa é de que o Brasil reforce sua narrativa de equilíbrio entre produção e preservação, transmitindo uma imagem de estabilidade e compromisso ambiental. O evento, portanto, se torna mais do que uma preparação técnica — é também uma vitrine política para mostrar ao mundo que o país está pronto para liderar o debate climático global nos próximos anos.
