Com possível candidatura ao Senado, Rui Costa movimenta cenário político e acirra disputa na Bahia
A movimentação política na Bahia ganhou novos contornos após o ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciar que coloca seu nome à disposição para disputar uma vaga no Senado nas eleições de 2026. A declaração, feita em meio a conversas com aliados e lideranças regionais, foi interpretada como um gesto que mexe diretamente nas articulações políticas do estado, reconfigurando alianças e ampliando as expectativas para a próxima corrida eleitoral.
Rui Costa, que governou a Bahia entre 2015 e 2022, deixou o cargo com alta popularidade e forte influência sobre o grupo político liderado pelo atual governador Jerônimo Rodrigues. Sua eventual candidatura ao Senado é vista por analistas como um movimento estratégico para manter o controle político da base governista baiana e reforçar a presença do Partido dos Trabalhadores (PT) no Congresso Nacional.
Durante conversas recentes com correligionários, o ministro destacou que sua disposição em concorrer está condicionada ao alinhamento com o projeto político do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e à manutenção da unidade do grupo na Bahia. A fala foi interpretada como uma tentativa de evitar rachas internos e consolidar o bloco de sustentação do governo federal no estado.
Nos bastidores, a possível candidatura de Rui Costa provocou reações imediatas entre aliados e adversários. Integrantes de partidos da base governista, como PSD e MDB, passaram a reavaliar estratégias, já que o ingresso do ex-governador na disputa altera o equilíbrio de forças e amplia a competitividade do pleito. Ao mesmo tempo, lideranças da oposição enxergam no movimento uma oportunidade para polarizar o debate e fortalecer candidaturas alternativas.
Fontes ligadas ao PT baiano afirmam que Rui Costa tem se mantido em constante diálogo com lideranças municipais e com o governador Jerônimo Rodrigues, que deve desempenhar papel central na construção das alianças. A relação entre ambos é considerada sólida, e interlocutores próximos indicam que qualquer decisão será tomada de forma conjunta, visando preservar a unidade política construída nos últimos anos.
Especialistas em política regional apontam que a entrada de Rui Costa na disputa traz complexidade ao tabuleiro eleitoral da Bahia. O estado, tradicionalmente dominado por forças de centro-esquerda desde a ascensão de Jaques Wagner ao governo em 2007, tende a viver uma das eleições mais acirradas das últimas décadas, com disputas simultâneas por Senado, Câmara e Assembleia Legislativa.
Enquanto setores do PT celebram o possível retorno de Rui Costa às urnas, outros membros do governo federal avaliam que sua saída da Casa Civil poderia gerar desafios para a articulação política em Brasília. O ministro tem desempenhado papel central na coordenação entre o Planalto e o Congresso, especialmente na negociação de projetos de infraestrutura e políticas públicas estratégicas para o país.
Dentro do governo Lula, há quem defenda que Rui Costa permaneça no cargo até meados de 2026, para garantir estabilidade na condução das pautas prioritárias, enquanto outros acreditam que sua candidatura fortaleceria a imagem do PT no Nordeste, consolidando o apoio ao presidente em uma região onde o partido mantém ampla vantagem eleitoral.
A eventual candidatura também reacende antigas rivalidades com grupos de oposição liderados pelo ex-prefeito de Salvador, ACM Neto (União Brasil), que deve tentar retomar protagonismo político no estado. A entrada de Rui Costa em cena reforça o confronto histórico entre o petismo e o carlismo, que há décadas define os rumos da política baiana.
Nos próximos meses, o foco de Rui Costa será avaliar o cenário com mais profundidade. Interlocutores afirmam que ele pretende percorrer o interior do estado, retomando contato com prefeitos, lideranças comunitárias e movimentos sociais que foram fundamentais em suas duas eleições como governador. O objetivo seria medir a força de sua popularidade e o grau de apoio que ainda mantém entre os eleitores baianos.
Além disso, a presença de nomes fortes da base, como o senador Jaques Wagner, impõe um desafio adicional para a definição das chapas. A aliança entre ambos será decisiva para evitar disputas internas que possam fragmentar o grupo. Por outro lado, a oposição aposta em novas lideranças regionais e em um discurso de alternância de poder para tentar enfraquecer o domínio petista no estado.
A sinalização de Rui Costa, portanto, não apenas embaralha o cenário político da Bahia, mas também repercute nacionalmente. Sua possível saída do governo e retorno à disputa eleitoral abre espaço para mudanças na estrutura do Planalto e reposiciona o PT nas discussões sobre sucessão e fortalecimento regional.
Com um histórico de forte atuação administrativa e habilidade política reconhecida até entre adversários, Rui Costa surge novamente como figura central na construção do futuro político da Bahia. Sua eventual candidatura ao Senado promete ser um dos temas mais acompanhados da política nacional, tanto pela relevância eleitoral do estado quanto pelo peso político do ministro dentro do governo federal.