Exportações brasileiras batem recorde em setembro apesar da queda de 20 % nas vendas aos EUA
Em setembro de 2025, o Brasil registrou uma expansão nas exportações totais: foram US$ 30,531 bilhões, o maior valor já observado para esse mês na série histórica.
Mesmo com esse desempenho global positivo, as exportações com destino aos Estados Unidos caíram 20,3 %, refletindo o impacto das tarifas impostas pelo país norte-americano.
Os números em destaque
- O volume exportado aos EUA foi de US$ 2,58 bilhões, comparado a US$ 3,23 bilhões em setembro de 2024.
- No acumulado do ano até setembro, as vendas ao mercado americano caíram cerca de 0,6 %, totalizando US$ 29,21 bilhões.
- As importações do Brasil de produtos americanos cresceram 14,3 %, somando US$ 4,35 bilhões em setembro. Com isso, a balança comercial com os EUA ficou com déficit de US$ 1,77 bilhão no mês.
- Entretanto, como as exportações para outros parceiros cresceram, o Brasil ainda conseguiu manter saldo positivo na balança comercial total: US$ 2,99 bilhões em setembro — embora esse valor represente o menor superávit para o mês nos últimos 10 anos.
O que puxou o avanço das exportações
A retração nas vendas para os EUA não conseguiu frear o desempenho do comércio exterior, graças ao desempenho favorável em outros mercados:
- China teve crescimento de 14,9 % nas compras brasileiras.
- Ásia em geral e países como Índia, Bangladesh, Filipinas e Singapura registraram saltos expressivos nas importações do Brasil.
- Vendas para países da América do Sul avançaram 29,3 %, com destaque para a Argentina.
- A União Europeia também registrou crescimento nas compras do Brasil, embora num ritmo mais discreto.
- No âmbito setorial, o agronegócio brilhou: carnes, milho e soja puxaram o resultado positivo do setor no mês.
Tarifas americanas e “tarifaço”
A queda nas exportações para os EUA ocorre num momento em que o governo de Donald Trump impôs tarifas sobre produtos brasileiros, atingindo algumas categorias chave da pauta exportadora nacional. Essa medida, apelidada de “tarifaço”, tem sido citada como causa direta da retração.
Foi o segundo mês consecutivo de impactos visíveis: em agosto, já havia sido registrada queda nas vendas americanas, e em setembro o efeito continuou, agora com números ainda mais expressivos.
Desafios e riscos para o futuro
- Se a tarifa americana permanecer, mercados prioritários para o Brasil continuarão sob pressão.
- A capacidade de redirecionar exportações para outros países será determinante para amenizar o impacto nas cadeias produtivas afetadas.
- Por ser o déficit dos EUA elevando as importações americanas, há risco de maior dependência externa e piora nos termos de troca.
- O superávit total da balança pode seguir em queda se importações continuarem aceleradas ou se exportações estiverem sujeitas a mais barreiras comerciais.