Com isenção do Imposto de Renda aprovada na Câmara, governo aposta em tramitação ágil no Senado para consolidar mudança tributária
A proposta de atualização na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), que amplia a faixa de isenção e foi recentemente aprovada pela Câmara dos Deputados, agora entra em nova fase no Senado. O governo federal vê com otimismo o cenário político na Casa Alta e projeta uma votação célere, com apoio majoritário dos senadores para consolidar a mudança tributária.
A iniciativa representa uma das promessas mais simbólicas do atual governo em sua agenda econômica e social. Ao elevar a faixa de isenção, o Palácio do Planalto busca aliviar a carga tributária sobre trabalhadores com rendimentos mais baixos, corrigindo distorções acumuladas ao longo de anos em que a tabela permaneceu congelada, mesmo com o avanço da inflação e do custo de vida.
O que prevê a proposta aprovada pela Câmara
O texto aprovado pela Câmara atualiza a faixa de isenção do Imposto de Renda para pessoas físicas, ampliando o número de contribuintes que não precisarão mais pagar o tributo. Além disso, promove ajustes nas faixas intermediárias de tributação, com o objetivo de tornar o sistema mais progressivo — ou seja, cobrar proporcionalmente mais de quem tem maior capacidade contributiva.
A proposta foi aprovada com ampla maioria dos deputados, o que indica um apoio político significativo e transversal. Parlamentares da base governista, assim como representantes de partidos independentes e até da oposição, consideraram a medida necessária diante do peso crescente da carga tributária sobre a classe trabalhadora.
A correção da tabela é também um mecanismo de justiça tributária. Por anos, o congelamento das faixas fez com que brasileiros com rendimentos baixos passassem a ser enquadrados como contribuintes, mesmo sem apresentar real capacidade econômica para tal. Com a nova faixa, esses contribuintes serão desonerados, e o impacto será sentido diretamente no bolso de milhões de trabalhadores formais.
Governo articula tramitação rápida no Senado
Logo após a aprovação na Câmara, os principais articuladores do governo no Congresso iniciaram uma mobilização junto aos líderes do Senado para assegurar uma tramitação rápida do projeto. A ideia é evitar atrasos que possam comprometer a implementação das novas regras ainda no próximo exercício fiscal.
O ministro da Fazenda, além de integrantes da Casa Civil e da Secretaria de Relações Institucionais, tem mantido diálogo constante com senadores de diferentes bancadas, reforçando a importância da proposta tanto para a população quanto para a credibilidade da política econômica do Executivo.
Nos bastidores do Congresso, a avaliação é de que o Senado deverá aprovar o projeto com poucas ou nenhuma alteração. A tendência é que o texto siga praticamente intacto, especialmente pela sua natureza popular e por já ter sido negociado com as principais lideranças parlamentares antes da votação na Câmara.
Alívio fiscal para os mais pobres e estímulo à economia
A ampliação da isenção do Imposto de Renda tem potencial de beneficiar principalmente os trabalhadores que ganham até dois salários mínimos, além de microempreendedores individuais e autônomos que hoje vivem à margem da formalização justamente por temerem o peso da carga tributária.
Na prática, a medida devolve parte da renda aos contribuintes de menor poder aquisitivo, o que pode gerar um efeito positivo sobre o consumo interno. Economistas avaliam que o aumento da renda disponível pode estimular setores do comércio, serviços e indústria, especialmente em um contexto de desaceleração econômica.
Além disso, ao isentar mais brasileiros do IR, o governo reforça sua narrativa de combate à desigualdade e de revisão de privilégios tributários historicamente mantidos por setores com maior poder econômico. A proposta faz parte de um pacote mais amplo de revisão do sistema tributário, que inclui, por exemplo, a taxação de lucros e dividendos, fundos exclusivos e offshores.
Cautela com impacto fiscal
Apesar do apoio político e da repercussão positiva junto à população, a medida também gera preocupações sobre seu impacto fiscal. A renúncia de receita estimada com a ampliação da isenção será significativa, e setores mais conservadores cobram contrapartidas para evitar que a nova política crie pressão adicional sobre o já desafiador equilíbrio das contas públicas.
A equipe econômica afirma que o impacto foi calculado com responsabilidade e que a medida está inserida em um contexto de reorganização tributária. O governo aposta que o crescimento da arrecadação em outras áreas e a melhoria da eficiência no combate à sonegação poderão compensar a perda de receita decorrente da desoneração dos contribuintes de menor renda.
Além disso, a nova tabela deverá estimular a formalização de trabalhadores autônomos e pequenos empreendedores, o que pode ampliar a base de arrecadação no médio e longo prazos.
Repercussão política e social
A proposta é considerada, por muitos analistas, uma das mais relevantes iniciativas de caráter social adotadas até aqui pelo governo. Ela tem potencial de impactar diretamente milhões de brasileiros e reforçar a imagem do Executivo como defensor das classes populares.
No cenário político, a medida também oferece ganhos importantes. Governistas enxergam na aprovação da isenção um trunfo em futuras disputas eleitorais, ao passo que parlamentares da oposição encontram dificuldades em se contrapor a uma pauta de forte apelo popular sem perder apoio de suas bases.
Organizações sindicais, movimentos sociais e associações de classe elogiaram publicamente a proposta e pressionam o Senado para que a votação ocorra de forma rápida e sem diluições que prejudiquem o objetivo central da mudança.
Caminho até a sanção presidencial
Com a expectativa de tramitação acelerada, o texto deve ser colocado em votação no plenário do Senado nas próximas semanas. Se aprovado sem modificações, o projeto segue diretamente para sanção do presidente da República, que já manifestou apoio irrestrito à medida.
O governo pretende transformar a sanção em um marco simbólico de sua política econômica e social, destacando a importância da justiça tributária como base para um país mais equilibrado e com oportunidades mais amplas para sua população.
A previsão é que, se não houver contratempos, a nova tabela de isenção entre em vigor já no início do próximo ano, impactando positivamente as declarações de Imposto de Renda referentes ao exercício fiscal de 2026.