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No Rio Grande do Norte, avaliação negativa do governo Fátima Bezerra supera dois terços da população, aponta levantamento recente

Um levantamento recente realizado pelo instituto Real Time Big Data apontou que a governadora Fátima Bezerra (PT) enfrenta uma das fases mais delicadas de sua administração à frente do Rio Grande do Norte. Segundo os dados, 67% dos entrevistados desaprovam a maneira como a petista tem conduzido o governo estadual, enquanto apenas 26% manifestaram aprovação — um retrato claro do desgaste crescente que atinge sua imagem perante a opinião pública potiguar.

Os números revelam não apenas um momento de baixa popularidade, mas também a complexidade dos desafios enfrentados por Fátima Bezerra em sua segunda gestão. O resultado da pesquisa acende um alerta político num cenário que já vem se mostrando turbulento, tanto em termos administrativos quanto na arena eleitoral, especialmente com as eleições municipais se aproximando e os partidos começando a reorganizar suas bases.

Queda na aprovação indica desgaste contínuo

A avaliação negativa registrada na pesquisa reforça uma tendência que analistas políticos já observavam: a dificuldade de Fátima Bezerra em manter apoio popular diante de promessas não cumpridas, problemas estruturais e crises setoriais que se agravaram nos últimos meses. Entre os fatores que mais pesam na rejeição estão temas como a precarização dos serviços públicos, atrasos em pagamentos de fornecedores, problemas na segurança pública, e dificuldades na saúde estadual.

Apesar dos esforços do governo em comunicar avanços em áreas como educação, equilíbrio fiscal e programas sociais, esses temas não têm sido suficientes para reverter a percepção de insatisfação, especialmente entre a população do interior e nas regiões metropolitanas mais impactadas por falhas na prestação de serviços básicos.

Cenário político instável amplia a rejeição

A governadora Fátima Bezerra enfrenta, além dos desafios administrativos, um ambiente político cada vez mais volátil. A relação com prefeitos, deputados estaduais e até com aliados dentro de sua própria base tem oscilado entre a cordialidade institucional e o distanciamento estratégico. Há reclamações de falta de diálogo, de centralização de decisões e de pouca escuta em relação às demandas regionais.

Esse cenário tem dificultado a articulação política da governadora, especialmente num momento em que a base governista tenta se reorganizar para manter influência nas eleições municipais. Com a desaprovação em alta, aliados temem que a presença de Fátima nos palanques locais em 2024 possa representar mais um ônus do que uma vantagem eleitoral.

Problemas acumulados na gestão pesam sobre a imagem do governo

Vários fatores vêm alimentando o crescimento da rejeição popular. Um dos mais citados por analistas políticos é a percepção de ineficiência na condução de áreas sensíveis. A segurança pública, por exemplo, voltou a ser um dos temas mais citados pela população como fonte de preocupação. A sensação de insegurança nas ruas, aliada a episódios de violência que ganharam repercussão estadual, tem contribuído fortemente para o desgaste da gestão.

A saúde pública, por sua vez, continua sendo alvo de críticas devido à demora no atendimento em hospitais, carência de insumos e estrutura deficiente em unidades de média e alta complexidade. Além disso, greves e paralisações de servidores em setores como educação e segurança também geraram ruídos na comunicação institucional e reforçaram a imagem de um governo que não consegue estabelecer diálogo eficaz com sua própria máquina administrativa.

Tentativas de reverter o quadro encontram resistência popular

Apesar do cenário adverso, a governadora tem buscado reagir. A equipe de comunicação do governo intensificou a divulgação de ações positivas, com foco em obras de infraestrutura, melhorias na arrecadação estadual e programas de apoio a setores produtivos. Fátima também tem participado de eventos em municípios do interior para tentar se reconectar com a base social que foi decisiva para sua reeleição.

No entanto, o efeito dessas ações ainda não se reflete nas pesquisas de opinião. Para muitos especialistas, o problema central da atual gestão não é a ausência de projetos, mas sim a dificuldade em transformar promessas em resultados concretos percebidos pela população. A falta de entregas visíveis em áreas críticas tem minado a confiança no governo e limitado sua capacidade de mobilização.

Reação da oposição e articulações para o futuro

Com a governadora enfrentando altos índices de desaprovação, a oposição tem se movimentado para ocupar o vácuo de liderança política no estado. Diversos nomes começam a se articular como potenciais candidatos a cargos majoritários nas próximas eleições, aproveitando o desgaste da imagem do governo como combustível para seus discursos.

Deputados estaduais e federais que fazem oposição a Fátima têm intensificado críticas públicas à sua gestão, questionando a transparência nos gastos, a eficácia dos programas sociais e a condução da política econômica estadual. O clima de confronto deve se intensificar com a proximidade do período eleitoral, especialmente nos principais colégios eleitorais do estado, como Natal, Mossoró, Parnamirim e Caicó.

Apoio popular em queda desafia estratégia do PT no estado

Para o Partido dos Trabalhadores, a situação de Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte é motivo de preocupação estratégica. O estado sempre foi uma das principais vitrines do partido no Nordeste, e a perda de capital político pode comprometer planos mais ambiciosos da legenda para o futuro, tanto no plano estadual quanto nacional.

Com a governadora em baixa, o partido deve repensar sua estratégia de apoio nas eleições municipais e rever o grau de envolvimento da chefe do Executivo estadual nas campanhas locais. A prioridade, segundo analistas, será conter o desgaste e evitar que o cenário atual comprometa as chances de manter prefeituras importantes sob a influência da base governista.

Conclusão: desaprovação alta expõe fragilidade e impõe desafio político à governadora

A pesquisa que mostra 67% de desaprovação ao governo de Fátima Bezerra no Rio Grande do Norte revela uma realidade difícil de contornar no curto prazo. A perda de apoio popular, somada aos entraves políticos e administrativos, coloca a gestão em uma encruzilhada: ou reage com entregas concretas e mudanças na comunicação com a população, ou corre o risco de ver sua base se fragmentar ainda mais.

A governadora, que já enfrentou crises anteriores e conseguiu superá-las com habilidade política, terá agora o desafio de se reconectar com o eleitorado e recuperar a credibilidade em um cenário de grande desconfiança. A estrada, porém, promete ser longa — e sem atalhos fáceis.

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