CEO da Jah Açaí defende modelo de franquias: “Não é anarquia nem democracia”
O debate sobre os limites e responsabilidades dentro do sistema de franquias voltou ao centro da discussão após a declaração do CEO da rede Jah Açaí, que afirmou de forma categórica: “Franquia não é anarquia nem democracia”. A fala busca reforçar que, embora o modelo de negócios dependa de franqueados para crescer, ele também exige disciplina, padronização e obediência às diretrizes da marca.
O contexto da fala
A declaração do executivo ocorreu em meio a um cenário em que diversas redes de franquias enfrentam questionamentos de franqueados sobre margens de lucro, custos de insumos e regras operacionais. No caso da Jah Açaí, uma das marcas de maior destaque no setor de alimentação saudável, a rápida expansão trouxe tanto oportunidades quanto tensões internas.
Segundo o CEO, o papel do franqueado é fundamental, mas o sucesso coletivo só pode ser garantido se todos seguirem um mesmo manual de conduta, evitando que decisões isoladas prejudiquem a imagem ou a qualidade da rede.
Franquia: equilíbrio entre autonomia e controle
O modelo de franquias é frequentemente visto como uma oportunidade de empreender com menor risco, já que o investidor recebe suporte em gestão, marketing, treinamentos e fornecedores. No entanto, essa vantagem vem acompanhada de regras rígidas que buscam preservar a padronização.
No setor de alimentação, esse controle se torna ainda mais sensível: qualidade dos ingredientes, atendimento, layout das lojas e até campanhas promocionais precisam ser seguidos à risca. Para o CEO da Jah Açaí, permitir que cada franqueado tome decisões livres seria abrir espaço para a “anarquia”, colocando em risco a reputação da marca. Por outro lado, transformar o negócio em uma “democracia plena”, onde cada unidade define estratégias próprias, também enfraqueceria a coesão da rede.
O peso da padronização na marca
Ao defender regras claras, a Jah Açaí também sinaliza aos investidores que pretende proteger a consistência da experiência oferecida ao consumidor. O cliente que compra um açaí em São Paulo espera encontrar o mesmo padrão em Salvador ou em Florianópolis. Essa uniformidade é vista como um dos pilares do franchising e, ao mesmo tempo, uma das principais causas de atrito entre franqueadores e franqueados.
Críticos do setor argumentam que algumas redes abusam dessa relação, impondo custos excessivos ou contratos desequilibrados. Já os defensores afirmam que, sem esse controle centralizado, o risco de deterioração da marca seria inevitável.
Crescimento do setor e novos desafios
O mercado de franquias no Brasil é um dos mais pujantes do mundo, movimentando dezenas de bilhões de reais por ano e atraindo investidores de perfis variados. Redes como a Jah Açaí representam o potencial de expansão de marcas nacionais que surfam em tendências de consumo, como o apelo ao saudável, à praticidade e ao regionalismo.
Entretanto, a competição crescente também pressiona as redes a manter rentabilidade, inovação e harmonia entre os franqueados. A fala do CEO, nesse sentido, é uma tentativa de deixar claro o posicionamento da marca: crescimento, sim, mas dentro de um sistema de ordem e disciplina.
O que esperar daqui para frente
A declaração da Jah Açaí joga luz sobre um dilema central das franquias: como equilibrar o espírito empreendedor do franqueado com as amarras necessárias para proteger a marca? O desafio é encontrar um ponto de equilíbrio em que a rede não se torne engessada demais, mas também não perca a coerência que sustenta sua identidade.
Enquanto isso, o setor segue em expansão, e debates como esse tendem a se intensificar à medida que mais brasileiros buscam no franchising uma porta de entrada para o empreendedorismo.