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Império de Casa Verde: quem é a escola cujo dirigente foi detido pela PF

O Carnaval paulista viveu um abalo inesperado nesta semana. A tradicional escola de samba Império de Casa Verde, conhecida por seus desfiles grandiosos e conquistas no Grupo Especial, viu seu nome ocupar as manchetes por um motivo distante da festa: a prisão de seu presidente, Alexandre Constantino Furtado, em uma operação da Polícia Federal.

A ação, realizada em 23 de setembro de 2025, foi parte da Operação Vila do Conde, que investiga tráfico internacional de drogas e lavagem de dinheiro ligados ao Primeiro Comando da Capital (PCC). Ao todo, 22 pessoas foram presas, entre elas Furtado, que também ocupa o cargo de vice-presidente da Liga das Escolas de Samba de São Paulo. A investigação aponta que ele teria usado sua posição para movimentar recursos ilegais, com suspeita de que até a própria sede da escola tivesse servido como espaço de negócios ilícitos.

O caso tem raízes antigas. Em fevereiro de 2021, autoridades apreenderam 458 quilos de cocaína escondidos em uma carga de quartzo no Porto de Vila do Conde, no Pará, com destino à Holanda. Desde então, a apuração seguiu rastros financeiros e logísticos que, anos depois, culminaram nas prisões e no bloqueio de quase R$ 300 milhões em bens suspeitos.

Mas para além da investigação, o episódio lança luz sobre uma das escolas mais queridas do carnaval paulista. Fundada em 1994, no bairro da Casa Verde, a agremiação nasceu de dissidências da Unidos do Peruche e rapidamente conquistou espaço. Em 2005, apenas onze anos depois de sua criação, venceu o Carnaval de São Paulo com um desfile arrebatador, repetindo o feito em 2006 e consolidando-se como potência. Voltaria ao topo em 2016, reforçando sua reputação de inovadora e competitiva.

Para sua comunidade, formada por milhares de integrantes e simpatizantes, o momento atual mistura orgulho e preocupação. Orgulho pela trajetória artística que levou a escola a rivalizar com gigantes do carnaval. Preocupação pelo risco de que o episódio manche essa história. Afinal, o Império não é apenas uma instituição cultural, mas também um espaço de identidade coletiva, que envolve gerações de moradores da Zona Norte.

A repercussão já gera debates sobre até que ponto líderes de escolas de samba podem — ou devem — ser responsabilizados sem comprometer a imagem da agremiação como um todo. O enredo de 2026, intitulado “Império dos Balangandãs – Joias Negras Afro-Brasileiras”, segue em preparação, e a comunidade trabalha para separar o brilho do desfile das sombras do escândalo.

O Império de Casa Verde atravessa, assim, um de seus capítulos mais delicados: enquanto a avenida aguarda a exuberância de carros alegóricos e fantasias, a instituição precisa lidar com a difícil tarefa de proteger sua essência cultural e artística em meio às turbulências do noticiário policial.

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