Conflito entre Oi e BTG afeta 2.500 trabalhadores da Nio Fibra
A disputa judicial e empresarial entre a operadora de telecomunicações Oi e o banco BTG Pactual, que envolve ativos estratégicos de infraestrutura de internet, já produz efeitos diretos sobre milhares de trabalhadores. Estima-se que cerca de 2.500 empregados de uma empresa terceirizada vinculada à Nio Fibra, braço de rede óptica da antiga concessionária, estejam com contratos ameaçados em razão do impasse.
A origem do conflito
A Oi, que atravessa um processo de recuperação judicial desde 2016, estruturou a Nio Fibra como uma unidade de negócio destinada a administrar sua rede de fibra óptica, considerada o principal ativo remanescente da companhia. A separação dos ativos tinha como objetivo atrair investidores, garantir liquidez e permitir que a empresa reduzisse seu endividamento bilionário.
Nesse contexto, o BTG Pactual se tornou um dos credores e acionistas relevantes da operação, assumindo fatia expressiva da infraestrutura de rede. O problema surgiu quando divergências sobre a gestão da Nio Fibra e sobre a distribuição dos recursos oriundos da venda e do uso dos ativos começaram a se intensificar. Oi e BTG passaram a adotar posturas conflituosas, levando a discussões na Justiça sobre quem efetivamente controla e define os rumos da companhia.
Impactos sobre os trabalhadores
A disputa, que parecia restrita a questões societárias e financeiras, já atinge diretamente a base operacional. A terceirizada responsável por serviços de manutenção e expansão da rede vem enfrentando atrasos em pagamentos e incertezas sobre a continuidade dos contratos. Como consequência, 2.500 trabalhadores estão em risco de perder seus empregos, ou, no mínimo, enfrentar condições mais precárias de trabalho enquanto o conflito não se resolve.
Sindicalistas afirmam que esses profissionais são essenciais para manter o funcionamento da rede de fibra, incluindo reparos em clientes residenciais e corporativos. Uma eventual paralisação dos serviços teria efeitos imediatos na qualidade da internet fornecida, prejudicando consumidores em diversas regiões do país.
O papel da Justiça e os próximos passos
O caso foi parar no Judiciário, que tenta mediar um acordo para evitar a interrupção das atividades e garantir a preservação de empregos. Entretanto, como se trata de uma disputa entre credores e empresa em recuperação, a solução tende a ser complexa, envolvendo auditorias, perícias contábeis e decisões que precisam equilibrar os interesses de investidores e da Oi.
Enquanto isso, os trabalhadores vivem em clima de instabilidade, sem clareza sobre o futuro. Especialistas em direito empresarial avaliam que, se a disputa se prolongar, pode haver perda de valor nos ativos da Nio Fibra e redução da confiança de potenciais compradores ou parceiros estratégicos.
Consequências mais amplas
O imbróglio entre Oi e BTG vai além dos 2.500 empregados afetados. Ele evidencia os desafios de reorganização de empresas de infraestrutura no Brasil e coloca em risco investimentos fundamentais para a expansão da internet de alta velocidade no país. O setor de telecomunicações, que já enfrenta margens apertadas e concorrência acirrada, pode ser diretamente impactado pela insegurança jurídica e pela instabilidade nas operações da Oi.
Ao mesmo tempo, a situação pressiona o governo e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a acompanhar de perto o desenrolar da disputa, já que a prestação de serviços de internet é considerada essencial e tem impacto direto sobre a economia e a sociedade.