Relatório da CPMI pede prisão de empresário ligado ao ‘Careca do INSS’
A Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) que investiga fraudes contra aposentados e pensionistas por meio de benefícios do INSS deu um passo além nas apurações. Em documento parcial apresentado nesta semana, os parlamentares sugeriram à Justiça a prisão de um empresário acusado de ser sócio oculto de Fábio Costa Silva, conhecido como “Careca do INSS”, apontado pela Polícia Federal como chefe de um dos maiores esquemas de estelionato previdenciário do país.
O elo entre o empresário e o esquema
De acordo com os investigadores, o empresário em questão teria usado empresas de fachada para lavar parte do dinheiro obtido pelo grupo, além de intermediar negociações financeiras que mascaravam a origem ilícita dos recursos. Relatórios bancários e quebras de sigilo apontaram movimentações milionárias, incompatíveis com o patrimônio declarado.
Segundo a CPMI, as provas já reunidas indicam participação ativa desse sócio oculto não apenas na ocultação de valores, mas também na formulação de contratos falsos que deram aparência de legalidade às transações.
A rede de fraudes contra aposentados
O esquema do “Careca do INSS” ganhou notoriedade por se especializar em enganar aposentados e pensionistas com promessas de revisão de benefícios e facilitação de empréstimos consignados. Muitos idosos eram convencidos a assinar documentos sem entender plenamente os termos, e acabavam vítimas de descontos indevidos ou transferências bancárias fraudulentas.
Investigações da Polícia Federal estimam que os prejuízos ultrapassem centenas de milhões de reais, afetando milhares de beneficiários em diferentes estados.
Pressão política e resposta do Congresso
A sugestão de prisão do empresário, agora submetida ao Judiciário, marca um momento de endurecimento da CPMI. Parlamentares afirmam que o caso deve servir de exemplo para reforçar a necessidade de mudanças no sistema de proteção dos aposentados e no controle de operações bancárias envolvendo o INSS.
Alguns senadores, porém, alertaram para que a comissão não ultrapasse seus limites e respeite o devido processo legal. Já deputados da base governista afirmam que a medida é imprescindível para “cortar a cabeça do esquema”, atingindo não apenas os operadores de fachada, mas também os financiadores ocultos.
Próximos passos
Se acatada pela Justiça, a prisão do empresário poderá abrir caminho para novas delações e aprofundar o alcance das investigações. A expectativa é que, com o avanço da CPMI, outras figuras de peso do esquema venham à tona, ampliando a responsabilização criminal e política de quem explorou de forma sistemática os mais vulneráveis do sistema previdenciário.