Economia

Mercados asiáticos avançam impulsionados por otimismo em Wall Street e apostas sobre rumo dos juros nos EUA

As principais bolsas de valores da Ásia encerraram o pregão desta terça-feira (16) com ganhos expressivos, refletindo o otimismo que tomou conta dos mercados globais após os recordes alcançados em Wall Street. Os investidores asiáticos reagiram positivamente à valorização das ações nos Estados Unidos, impulsionadas pela expectativa de que o Federal Reserve (Fed) esteja se aproximando do momento de iniciar o ciclo de cortes nos juros.

Os índices acionários asiáticos acompanharam a maré positiva vinda de Nova York, onde os mercados bateram novas máximas históricas no início da semana. A sinalização de que a política monetária americana pode, em breve, mudar de direção trouxe alívio aos investidores, que há meses monitoram de perto os dados de inflação e os pronunciamentos das autoridades monetárias dos EUA.

Desempenho dos principais índices asiáticos

Em Tóquio, o índice Nikkei 225 subiu fortemente, superando os 39 mil pontos e se aproximando de suas máximas históricas, com destaque para ações dos setores de tecnologia, indústria e automóveis. A valorização foi sustentada por uma combinação de fatores internos, como resultados corporativos sólidos, e externos, principalmente o bom desempenho das techs americanas e a expectativa de menor aperto monetário nos EUA.

Na China, tanto o índice de Xangai quanto o de Shenzhen fecharam no campo positivo. Apesar dos desafios internos da segunda maior economia do mundo — como a crise no setor imobiliário e a desaceleração do consumo —, os mercados locais reagiram com entusiasmo ao ambiente externo mais favorável e ao possível aumento da liquidez global, que tende a beneficiar ativos emergentes.

Em Hong Kong, o índice Hang Seng teve alta expressiva, liderado por ações de empresas ligadas ao setor de tecnologia e e-commerce. Gigantes como Alibaba e Tencent figuraram entre os destaques positivos, refletindo o bom humor dos investidores estrangeiros.

Já na Coreia do Sul, o Kospi também registrou alta, com destaque para o setor de semicondutores. A recuperação das ações da Samsung e de outras empresas de chips ocorreu em linha com a valorização das ações da Nvidia e outras techs nos EUA, que impulsionaram o Nasdaq para novos recordes.

Expectativas sobre o Fed definem humor do mercado

O pano de fundo para o otimismo generalizado nas bolsas asiáticas está na crescente percepção de que o Federal Reserve poderá começar a reduzir sua taxa básica de juros já nos próximos meses. Essa expectativa ganhou força após a divulgação de indicadores econômicos americanos que mostram uma desaceleração moderada da inflação, combinada a sinais de resiliência do mercado de trabalho sem superaquecimento.

Investidores estão atentos à reunião do Comitê Federal de Mercado Aberto (FOMC), marcada para as próximas semanas. Embora a autoridade monetária americana ainda sinalize cautela, a maioria dos analistas já projeta, com maior convicção, pelo menos um corte nos juros antes do fim do ano, com a possibilidade de novas reduções ao longo de 2026.

Essa perspectiva de flexibilização monetária nos EUA anima os mercados globais por diversos motivos. Juros mais baixos tornam os ativos de renda variável mais atraentes, estimulam o fluxo de capitais para mercados emergentes e reduzem o custo do financiamento corporativo. No caso da Ásia, tais fatores se combinam com expectativas de recuperação gradual em economias como Japão, Coreia do Sul e Índia.

Risco global diminui, mas cautela persiste

Apesar do clima positivo nos mercados acionários, analistas alertam que o cenário ainda exige cautela. A desaceleração da economia chinesa continua sendo um fator de risco relevante, assim como as incertezas geopolíticas envolvendo Taiwan, o Mar do Sul da China e as tensões comerciais entre Pequim e Washington.

Além disso, a própria trajetória dos juros nos EUA ainda depende da confirmação de que a inflação permanecerá sob controle nos próximos meses. Qualquer dado acima do esperado pode fazer o Fed adotar uma postura mais conservadora, frustrando as expectativas atuais dos investidores.

Moedas e commodities também reagem ao otimismo

O clima de alívio nos mercados também foi percebido no câmbio asiático, com algumas moedas da região se fortalecendo frente ao dólar, especialmente o won sul-coreano e o iene japonês. Já o yuan chinês teve leve valorização, ainda refletindo intervenções pontuais do Banco do Povo da China para evitar desvalorização excessiva.

No mercado de commodities, os preços do petróleo avançaram em meio ao maior apetite por risco e expectativas de demanda mais robusta com a possível retomada econômica. O minério de ferro, importante para a economia chinesa e australiana, também registrou alta moderada nos contratos futuros negociados em Cingapura.

Conclusão

A valorização das bolsas asiáticas nesta terça-feira reflete um ambiente global de maior otimismo, influenciado pelos recordes de Wall Street e pelas crescentes apostas de que o ciclo de alta de juros nos Estados Unidos está próximo do fim. A perspectiva de uma política monetária mais branda anima os investidores e cria espaço para recuperação dos mercados emergentes e de setores até então pressionados por taxas elevadas.

Ainda assim, o cenário internacional segue delicado e suscetível a mudanças rápidas, exigindo que investidores e autoridades permaneçam atentos aos próximos dados econômicos e decisões de política monetária nas principais economias do mundo.

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