Esporte

Eagle contraria Textor e busca acordo que limita autonomia do empresário no Botafogo

O ambiente político e administrativo do Botafogo voltou a ganhar tensão nas últimas semanas. A gestora norte-americana Eagle Football Holdings, empresa que assumiu o controle da SAF alvinegra em 2022, estaria defendendo um acordo interno que reduz a autonomia de John Textor, sócio majoritário e principal rosto do projeto, na condução do clube.

A divergência ocorre num momento em que o Botafogo ainda tenta se firmar como potência estável no futebol brasileiro, após anos de altos e baixos dentro de campo e turbulências nos bastidores.


O conflito de interesses

Desde que assumiu a SAF, Textor se tornou a figura central do Botafogo, não apenas no campo administrativo, mas também no discurso público. Conhecido por declarações polêmicas, o empresário norte-americano ganhou holofotes ao denunciar supostos esquemas de manipulação de resultados no futebol brasileiro, além de se envolver diretamente em debates sobre arbitragem e regulamentos.

Essas atitudes, no entanto, teriam gerado incômodo tanto na Eagle quanto em outros investidores e dirigentes ligados ao clube. O argumento principal é que a postura de Textor expõe o Botafogo a desgastes institucionais, afastando potenciais parceiros e criando instabilidade política.

Por isso, a Eagle passou a articular um acordo que limita os poderes do empresário, estabelecendo maior participação de outros membros da holding nas decisões estratégicas.


O que está em jogo

O movimento da Eagle não busca afastar Textor da gestão, mas sim redefinir os papéis dentro da estrutura da SAF. Entre as mudanças defendidas estariam:

  • Criação de comitês de governança para aprovar decisões financeiras de grande porte.
  • Reforço da participação de conselheiros independentes em áreas-chave.
  • Redução da margem de ação individual de Textor em negociações de alto impacto, como contratações, venda de jogadores e acordos comerciais.

Na prática, a ideia é que o Botafogo não dependa apenas do estilo de gestão de seu sócio mais midiático, evitando decisões unilaterais que possam comprometer o planejamento de longo prazo.


Textor entre aliados e críticos

Apesar das pressões, Textor ainda conta com apoio de parte da torcida e de setores do clube, principalmente pelo aporte financeiro que viabilizou contratações de peso, melhorias na infraestrutura e a recuperação esportiva recente.

No entanto, a sucessão de episódios em que o empresário confrontou entidades como a CBF, o STJD e até mesmo outros clubes da Série A desgastou sua imagem. Dirigentes avaliam que a credibilidade institucional do Botafogo está em risco e que a gestão precisa de maior equilíbrio entre ousadia e cautela.


Consequências possíveis

Se a Eagle conseguir emplacar as mudanças desejadas, o Botafogo poderá ganhar em estabilidade administrativa, com decisões mais colegiadas e menos expostas a crises de imagem. Por outro lado, limitar a autonomia de Textor pode provocar atritos internos, já que o empresário nunca escondeu seu estilo centralizador e seu desejo de ser a voz principal do clube no cenário nacional.

Há, portanto, o risco de que esse redesenho de poder provoque uma disputa jurídica ou até mesmo uma renegociação do próprio contrato de participação societária.


O futuro da SAF alvinegra

O Botafogo se encontra em uma encruzilhada: precisa consolidar o modelo de SAF, atrair novos parceiros e manter competitividade esportiva. Para isso, será necessário encontrar um equilíbrio entre a liderança visionária de John Textor e a governança corporativa exigida pela Eagle.

O resultado dessa queda de braço pode definir não apenas os rumos da atual temporada, mas também o modelo de gestão que norteará o clube pelos próximos anos.

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