Desaceleração nas lojas brasileiras: comércio varejista registra leve queda no mês de julho, aponta levantamento oficial
O cenário econômico brasileiro apresentou um leve retrocesso no desempenho do comércio varejista durante o mês de julho. Segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o setor teve uma retração de 0,3% no volume de vendas em comparação com o mês anterior, junho. Embora a variação seja sutil, ela quebra uma sequência de resultados positivos e sinaliza uma possível desaceleração no consumo das famílias.
Esse recuo, ainda que modesto, ocorre após três meses consecutivos de crescimento e reflete um momento de cautela entre consumidores e empresários. Diversos fatores contribuíram para essa queda, como o encarecimento do crédito, os efeitos da inflação acumulada e uma confiança ainda instável na recuperação da economia.
Variações por segmentos
Entre os setores analisados pelo IBGE, alguns apresentaram desempenho mais fraco, puxando o índice geral para baixo. Os destaques negativos foram os segmentos de móveis e eletrodomésticos, tecidos, vestuário e calçados, além de equipamentos de informática e comunicação. Essas categorias são tradicionalmente mais sensíveis às oscilações da renda e ao acesso ao crédito.
Por outro lado, houve aumento nas vendas de itens considerados essenciais, como alimentos, bebidas e produtos farmacêuticos, que se mantiveram em território positivo, mesmo diante do recuo geral.
Comparação anual e desempenho acumulado
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, o volume de vendas do varejo nacional teve uma alta de 2,4%. Isso indica que, apesar da retração pontual em julho, o comércio ainda opera em um patamar mais elevado do que em 2024, o que pode ser visto como um sinal de resiliência do setor.
No acumulado dos primeiros sete meses do ano, o comércio varejista brasileiro registra uma expansão de 2,3%, revelando que o desempenho de 2025 ainda é positivo, embora moderado. A taxa acumulada dos últimos 12 meses também mostra avanço, com crescimento de 2,5%, reforçando a tendência de recuperação gradual.
Especialistas avaliam cenário de cautela
Economistas e analistas de mercado observam com atenção o comportamento do consumo interno. A ligeira retração em julho pode ser um indicativo de que o ritmo de crescimento não será constante até o final do ano. O consumo das famílias, que representa uma parte expressiva do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro, depende de variáveis como emprego, renda, juros e inflação.
Outro ponto observado é o impacto da política monetária. A taxa básica de juros, apesar de ter começado a cair ao longo do ano, ainda se encontra em um patamar elevado, o que continua restringindo o crédito e dificultando a retomada mais vigorosa do varejo. As decisões do Banco Central, especialmente as relacionadas à Selic, são vistas como determinantes para o comportamento do setor nos próximos meses.
Expectativas para os próximos meses
Apesar do desempenho negativo em julho, muitos especialistas mantêm uma visão moderadamente otimista para o restante do ano. Fatores como a liberação de recursos do FGTS, programas de transferência de renda e a possível melhora nos indicadores de emprego podem influenciar positivamente o consumo no segundo semestre.
Além disso, o calendário sazonal — que inclui datas importantes para o varejo, como o Dia das Crianças, Black Friday e Natal — tende a aquecer as vendas e compensar eventuais perdas registradas nos meses anteriores.
Conclusão
O leve recuo de 0,3% nas vendas do varejo em julho não representa necessariamente uma reversão de tendência, mas sim um ponto de atenção dentro de um quadro ainda marcado por recuperação e desafios. O desempenho do comércio continua sendo um dos termômetros mais relevantes da economia brasileira, e o comportamento do consumidor nos próximos meses será crucial para definir o rumo do setor até o fim de 2025.