Economia

Zona do euro tem expectativa de expansão reforçada para 2025 após revisão otimista da Fitch

Em novo relatório divulgado nesta semana, a agência de classificação de risco Fitch Ratings anunciou a revisão para cima de sua projeção de crescimento econômico da zona do euro para o ano de 2025. A decisão reflete uma combinação de fatores que incluem melhora nas expectativas de consumo, recuperação gradual da indústria, flexibilização monetária em curso e maior estabilidade fiscal em algumas das maiores economias do bloco.

A nova estimativa representa um alívio moderado para o cenário europeu, que nos últimos anos enfrentou uma série de desafios sucessivos — da pandemia à guerra na Ucrânia, passando por inflação alta e tensões energéticas. Agora, com sinais de estabilização nos principais indicadores, a Fitch prevê um ritmo de crescimento mais saudável para a economia do grupo.

Revisão nas projeções: de modesta a promissora

Antes da revisão, a previsão da agência indicava um crescimento em torno de 1,1% para a zona do euro em 2025. Com os novos dados, a Fitch elevou a expectativa para cerca de 1,5%, sinalizando que os fundamentos econômicos da região mostram resiliência superior ao estimado anteriormente.

Embora o novo número ainda não represente um crescimento robusto, ele é considerado relevante diante do histórico recente da região. A revisão vem após uma sequência de trimestres marcados por desempenho morno, com alguns países enfrentando estagnação ou crescimento quase nulo.

A mudança no panorama ocorre à medida que os principais vetores da economia europeia apresentam sinais mais positivos. A queda gradual da inflação, a redução das taxas de juros pelo Banco Central Europeu (BCE) e o reaquecimento da demanda interna são fatores centrais para essa guinada nas projeções.

Motivos da elevação da previsão

A Fitch destacou uma série de razões técnicas e conjunturais para justificar a elevação na estimativa de crescimento:

  • Afrouxamento da política monetária: O BCE iniciou um ciclo de cortes de juros, o que tem aliviado o custo do crédito para famílias e empresas. Esse movimento deve se intensificar ao longo de 2025, estimulando o consumo e o investimento privado.
  • Mercado de trabalho resiliente: A taxa de desemprego em diversas economias da zona do euro permanece em patamares baixos, o que sustenta a massa salarial e, por consequência, o consumo.
  • Melhora da confiança empresarial e industrial: Índices de atividade industrial começaram a mostrar recuperação, ainda que tímida, após meses de retração. A confiança do setor produtivo também subiu em alguns dos principais países, como Alemanha, França e Espanha.
  • Normalização dos preços de energia: Após o choque nos custos energéticos que afetou severamente a região em 2022 e 2023, os preços de gás e eletricidade foram gradualmente estabilizados, favorecendo a competitividade industrial e o alívio da inflação.
  • Estímulos e investimentos estratégicos: Programas europeus como o “NextGenerationEU”, que distribui recursos entre os países do bloco para promover transição energética e digitalização, continuam impulsionando setores-chave, especialmente infraestrutura, tecnologia e sustentabilidade.

Diferenças entre os países da zona do euro

Apesar da revisão positiva, a Fitch ressalta que o crescimento será desigual entre os membros da zona do euro. Países como Irlanda, Espanha e Portugal devem apresentar desempenhos acima da média do bloco, puxados por forte recuperação do setor de serviços e turismo, além de gestão fiscal mais equilibrada.

Alemanha e Itália continuam enfrentando desafios estruturais. A economia alemã, tradicional motor da Europa, lida com dificuldades no setor industrial e queda na produtividade, enquanto a Itália ainda sofre com um endividamento elevado e baixa taxa de investimento privado.

A França, por sua vez, deve apresentar crescimento moderado, sustentado por consumo interno, mas pressionada por incertezas políticas e tensões sociais, que podem impactar reformas e decisões fiscais importantes.

Perspectivas para inflação e política monetária

Um dos fatores que viabilizou a elevação da projeção de crescimento foi a expectativa de uma inflação mais controlada ao longo de 2025. A Fitch prevê que o índice de preços ao consumidor nos países da zona do euro deverá convergir para a meta de 2% do BCE, permitindo uma política monetária mais flexível.

Esse cenário reduz os custos de financiamento e cria condições mais favoráveis para novos investimentos, além de aliviar o orçamento das famílias, que vinham sofrendo com alta nos alimentos, transportes e energia.

Com a inflação sob controle e a confiança voltando gradualmente, o Banco Central Europeu tem espaço para continuar promovendo cortes de juros ao longo do próximo ano, o que, segundo a Fitch, contribuirá diretamente para a melhora no desempenho econômico geral.

Reações de analistas e do mercado

Economistas consultados por instituições financeiras na Europa reagiram com otimismo moderado à revisão da Fitch. Embora o crescimento projetado ainda esteja distante dos níveis ideais, a nova previsão indica que a zona do euro pode estar virando a página após um período de estagnação prolongada.

O mercado financeiro respondeu de forma positiva à notícia, com valorização de ativos ligados à economia europeia, como títulos soberanos e ações de grandes empresas do continente. A confiança renovada nas políticas do BCE também reforçou a estabilidade do euro frente a outras moedas globais.

Desafios ainda presentes no horizonte

Apesar do tom mais otimista, a Fitch também chamou atenção para riscos persistentes no cenário europeu. Entre eles:

  • Incertezas geopolíticas, especialmente relacionadas à guerra na Ucrânia e à tensão no Mar Mediterrâneo;
  • Crescimento global fraco, que pode limitar exportações de países europeus;
  • Desigualdades internas, com parte dos países-membros ainda vulneráveis a choques externos;
  • Endividamento público elevado em alguns governos, que restringe espaço para políticas fiscais expansionistas.

A agência destacou que o crescimento revisado pode se materializar caso reformas estruturais avancem e a estabilidade política seja mantida nas principais economias do bloco.

Conclusão

A decisão da Fitch de elevar a previsão de crescimento da zona do euro em 2025 marca uma virada de expectativas após anos de pressões econômicas. A combinação de queda da inflação, afrouxamento monetário, resiliência do consumo e estímulo aos investimentos criou condições para uma retomada mais firme da economia do bloco.

Ainda que os desafios persistam e o ritmo varie entre os países, a nova projeção reforça a visão de que a zona do euro está em um processo de recuperação gradual e sustentada, com potencial para entrar em um novo ciclo de crescimento nos próximos anos.

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