Juros altos tiram o protagonismo do tarifaço como o maior desassossego do agro na Expointer
Ambiente de apreensão no agronegócio
Nos corredores da Expointer, feira referência do setor agrícola, o juro elevado se tornou o maior temor para produtores e empresários. A multidão de preocupações se concentra no custo do crédito, que, mais que a imposição de tarifas internacionais, tem impacto direto nas decisões de investimento em máquinas, insumos e renovação de equipamentos.
Crédito caro, decisões moldadas por cautela
Com a Selic em níveis próximos dos 14%, o agronegócio enfrenta um cenário que exige cuidado redobrado. Na feira, protagonizou-se um sentimento de retração: muitos produtores adiaram compras ou recorreram a consórcios, crachá alternativo ao financiamento tradicional. O crédito, essencial para o ciclo produtivo, tornou-se restrito e oneroso, alterando completamente o ritmo de negócios.
O crédito rural sob nova pressão
O Plano Safra trouxe uma dose extra de preocupação: apesar do montante expressivo anunciado, as taxas de juros elevaram-se drasticamente em relação aos ciclos anteriores, impactando particularmente os médios e pequenos produtores. Para cooperativas e agroindústrias familiares, a subida nos juros representa desafio real, forçando ajustes internos e represando investimentos que seriam mais naturais em outra conjuntura.
Reflexo na Expointer: possíveis retrações nos negócios
O medo é palpável: há expectativa de retração nas vendas de máquinas e implementos agrícolas, ainda que o setor tenha demonstrado resiliência em anos anteriores. O déficit de liquidez, aliado ao endividamento contínuo, ajuda a explicar um clima de cautela inédita numa feira que costuma aquecer negócios e atrair grandes volumes de investimento.
Cautela virou palavra de ordem
O cenário atual exige mais do que otimismo: é preciso planejamento rigoroso. Especialistas alertam para os riscos de fechar contratos arriscados, lembrando que muitos produtores não possuem margem de erro, especialmente aqueles com alto grau de alavancagem financeira. A mensagem é clara: só quem estiver bem capitalizado conseguirá atravessar este período com segurança.
Retomada ou paralisação?
O panorama sugere que, ao contrário do impacto imediato de tarifas, os juros têm efeito mais profundo e prolongado. Eles mudam o comportamento econômico no campo, reduzindo a demanda por máquinas novas, sustentando a busca por modelos usados ou por alternativas como consórcios, e forçando ajustes estratégicos nos planejamentos agrários.