Lula reage à ideia de anistia a Bolsonaro e diz que ex-presidente “se autocondena”
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva voltou a criticar a proposta de setores do Congresso que buscam conceder anistia ao ex-presidente Jair Bolsonaro e a aliados investigados pelos atos de 8 de janeiro de 2023. Segundo Lula, a insistência em levantar o tema representa, na prática, uma forma de reconhecimento de culpa por parte dos envolvidos.
“Se autocondenando”
Em discurso, Lula afirmou que Bolsonaro, ao permitir que parlamentares e apoiadores defendam uma anistia ampla, estaria se declarando responsável pelos ataques antidemocráticos. Para o presidente, apenas quem teme uma condenação definitiva procura um perdão político antecipado.
“Quando alguém pede anistia antes do julgamento, está se autocondenando. Se é inocente, que prove na Justiça. A democracia não pode conviver com a ideia de perdão a quem tentou destruí-la”, disse Lula.
O embate no Congresso
A fala ocorre em meio à movimentação de líderes partidários, principalmente do PL, que articulam a apresentação de uma proposta de emenda constitucional (PEC) para beneficiar investigados e réus do 8 de janeiro. A medida ainda não tem consenso e enfrenta resistência até mesmo entre aliados de centro-direita, que temem desgaste político diante da opinião pública.
No campo jurídico, especialistas têm apontado que uma anistia desse tipo poderia ferir princípios constitucionais, já que se trataria de crimes contra o Estado Democrático de Direito, considerados graves e de difícil perdão institucional.
Contexto político
O tema surge em um momento de instabilidade na oposição, que busca reorganizar sua estratégia para 2026. A defesa da anistia tornou-se bandeira para setores mais radicalizados, mas gera desconforto em parlamentares que preferem evitar associação direta com os atos golpistas.
Lula, por sua vez, tem usado o assunto para reforçar seu discurso em defesa da democracia e da legalidade institucional, tentando contrapor-se à narrativa de perseguição alegada por Bolsonaro e aliados.
Próximos capítulos
Enquanto a discussão avança no Legislativo, o Supremo Tribunal Federal continua a julgar militares, políticos e civis envolvidos no planejamento e na execução dos ataques às sedes dos Três Poderes. Condenações recentes e a manutenção das investigações dão sinais de que a Corte seguirá firme em responsabilizar os envolvidos.
Para o governo, a insistência em anistia só reforça a imagem de que a oposição não consegue se desvincular do 8 de janeiro, mantendo vivo um tema que desgasta Bolsonaro e seu grupo político.