Economia

Setores pedem crédito emergencial e flexibilização salarial para conter efeitos do tarifaço

A imposição do tarifaço norte-americano sobre produtos brasileiros já provoca fortes pressões em diferentes segmentos da economia nacional. Diante do risco de queda nas exportações, líderes empresariais passaram a cobrar do governo medidas emergenciais que incluam linhas de crédito rápidas, desburocratizadas e, em alguns casos, até flexibilização das regras trabalhistas, com a possibilidade de redução temporária de salários e jornadas como forma de preservar empregos.

Clima de urgência no setor produtivo

Associações ligadas à indústria do aço, alumínio, papel e celulose, além de representantes do agronegócio, têm alertado que a escalada tarifária dos EUA pode comprometer contratos bilionários já firmados e afetar diretamente a geração de empregos em polos industriais do Sudeste e do Sul. Para muitos empresários, a sobrevivência de companhias médias e pequenas dependerá da agilidade do governo em oferecer apoio financeiro imediato.

“Não dá para esperar meses por linhas de financiamento que demoram a sair. Se o crédito não chegar logo, teremos cortes de pessoal”, relatou um executivo do setor metalúrgico em Brasília.

Medidas em estudo

No governo, a equipe econômica discute mecanismos de compensação que incluem:

  • Empréstimos com juros subsidiados via BNDES e bancos públicos;
  • Suspensão temporária de tributos de exportação para empresas diretamente atingidas;
  • Programas de manutenção de emprego, semelhantes ao adotado durante a pandemia, em que trabalhadores tiveram salários reduzidos e parte da diferença foi compensada com recursos do Tesouro.

A Fazenda avalia que medidas como a flexibilização trabalhista só seriam implementadas em caráter excepcional e temporário, mas não descarta sua adoção caso a queda nas encomendas internacionais seja mais severa do que o esperado.

Pressão por rapidez

O ponto mais sensível para os setores atingidos é o tempo de resposta. Empresários afirmam que a janela para adaptação é curta, já que os novos contratos com os EUA já refletem tarifas mais altas. A busca por mercados alternativos — como China, Índia e países do Oriente Médio — deve avançar, mas o processo exige meses de negociação.

Nesse intervalo, as empresas pedem que o governo crie atalhos para liberar capital de giro e evitar o colapso de cadeias produtivas que empregam milhares de trabalhadores.

Efeitos sociais e políticos

Economistas alertam que a combinação de tarifas elevadas com queda de competitividade pode gerar ondas de demissão em massa, especialmente nos estados que concentram a produção industrial voltada à exportação. O temor é que o impacto se reflita também no consumo interno, pressionando o nível de confiança do mercado e contaminando as projeções de crescimento para 2025.

Ao mesmo tempo, a questão tem peso político. O governo busca um equilíbrio entre o apoio ao setor produtivo e a defesa de direitos trabalhistas, evitando desgastes com centrais sindicais que resistem a qualquer forma de redução salarial.

Próximos passos

O Ministério da Fazenda deve anunciar em breve um pacote emergencial de crédito e apresentar ao Congresso um projeto para regulamentar mecanismos de preservação de empregos. Até lá, o empresariado insiste que a prioridade deve ser liquidez rápida para evitar que fábricas desliguem máquinas e coloquem trabalhadores no olho da crise.

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