Incerteza causada por Trump inflama especulação e expõe fragilidade dos bancos brasileiros
A retórica protecionista de Donald Trump, aliada à imposição de sanções e tarifas sobre produtos brasileiros, criou um ambiente de instabilidade que mexe diretamente com o setor bancário do país. A desconfiança entre autoridades brasileiras e norte-americanas, além de decisões judiciais conflitantes, elevou o risco percebido pelos investidores e gerou forte pressão sobre as ações dos bancos.
O que está em jogo
A escalada começou com a aplicação de sanções da Lei Magnitsky contra o ministro Alexandre de Moraes, seguida por uma tarifa de 50% sobre produtos do Brasil pelos EUA. Os bancos brasileiros ficaram entre o cumprimento de sanções externas e a obediência às decisões do STF, que exige autorização judicial para aplicar leis estrangeiras. Essa colisão jurídica ampliou a incerteza e se refletiu em quedas acentuadas nos papéis das instituições financeiras.
Pressão no mercado financeiro
A divulgação de que bancos como o Banco do Brasil estariam “prontos para enfrentar questões complexas, sensíveis e globais” apenas reforçou o nervosismo do mercado. Com ações recuando entre 3% a 4%, os investidores passaram a precificar os riscos geopolíticos como um fator relevante de vulnerabilidade. A percepção de que um banco pode ser punido por atender às diretrizes de um país e ao mesmo tempo por ignorar de outro cria um campo minado para o setor.
O dilema jurídico no centro da instabilidade
O STF, ao estabelecer que sanções estrangeiras precisam ser validadas internamente, deixou os bancos em uma encruzilhada: devem obedecer às determinações internacionais para evitar sanções financeiras — ou às normas domésticas para preservar soberania e evitar punições judiciais? Esse impasse elevou a percepção de risco sistêmico e fez com que esses ativos perdessem valor.