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Como acessar crédito do governo após o “tarifaço”: guia prático para exportadores

Com a imposição de sobretaxas de 50% pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros, o governo federal lançou um conjunto de medidas emergenciais para minimizar os impactos negativos para exportadores. Veja abaixo como obter esse apoio financeiro:

1. Programa Brasil Soberano: o pacote de R$ 30 bilhões

O coração da resposta do governo é o Plano Brasil Soberano, aprovado via medida provisória. Esse pacote oferece:

  • Linha de crédito de R$ 30 bilhões via recursos do Fundo Garantidor de Exportação, operados por BNDES e Banco do Brasil;
  • Aportes adicionais de R$ 4,5 bilhões em fundos garantidores:
    • R$ 1,5 bilhão no FGCE (Fundo Garantidor do Comércio Exterior);
    • R$ 2 bilhões no FGI (Fundo Garantidor de Investimentos, do BNDES);
    • R$ 1 bilhão no FGO (Fundo de Garantia de Operações, via Banco do Brasil).

A concessão do crédito está vinculada à manutenção do emprego nos exportadores beneficiados.

2. Quem tem prioridade?

O acesso a essas linhas depende do nível de impacto sofrido pelo tarifaço. Têm prioridade:

  • Empresas com pelo menos 5% de faturamento comprometido entre julho de 2024 e junho de 2025;
  • Quem teve 20% ou mais da receita comprometida recebe condições ainda mais favoráveis;
  • Micro, pequenas e médias empresas têm prioridade e acesso facilitado.

Os prazos são generosos, com carência de 12 a 24 meses e período de amortização entre 5 e 10 anos. Valores máximos por contratação variam de R$ 35 milhões (pequenas) até R$ 200 milhões (grandes).

3. Incentivos tributários e seguros

O plano também traz:

  • Ampliação do Reintegra, benefício fiscal que devolve parte dos tributos pagos para toda empresa exportadora. Pequenas empresas terão até 6% de devolução, enquanto médias e grandes terão cerca de 3%;
  • Prorrogação do regime de Drawback, que permite suspensão de tributos sobre insumos importados usados na produção de bens exportados, por mais um ano;
  • Seguro de exportação ampliado, com maior cobertura contra inadimplência, cancelamento de pedidos ou outros riscos.

4. Compras públicas como saída alternativa

O governo liberou a aquisição direta, e sem licitação, de alimentos perecíveis — como frutas, peixes e mel — que perderam mercado nos EUA. Esses produtos podem ser utilizados em programas de merenda, hospitais e instituições públicas, reduzindo o prejuízo de exportadores rurais e agroindustriais.

5. Ações estaduais também ajudam

Além do plano federal, estados como São Paulo, Rio Grande do Sul e Paraná lançaram pacotes próprios de apoio:

  • São Paulo: R$ 400 milhões em crédito via linha Giro Exportador (juros baixos, até 60 meses, com carência de 12) e liberação de R$ 1,5 bilhão em créditos acumulados de ICMS;
  • Rio Grande do Sul: R$ 100 milhões via BRDE e liberação de créditos de ICMS para empresas afetadas;
  • Paraná: crédito subsidiado, renegociação de dívidas e uso de créditos de ICMS como principal forma de liquidez.

Resumo prático

Tipo de ApoioPúblico-alvoCondições-chave
Crédito do Brasil SoberanoExportadores afetadosCom carência, ampla cobertura, exige emprego
Reintegra ampliadoTodas as empresas exportadorasReembolso tributário até 6%
Drawback prorrogadoExportadores com insumos importadosContinuidade da suspensão de tributos
Compras governamentaisProdutores rurais exportadoresVenda direta de perecíveis
Apoio estadual (SP, RS, PR)Exportadores locaisCrédito subsidiado, ICMS como recurso

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