Economia

Metal precioso sobe diante de aumento nas apostas por afrouxamento monetário nos EUA

O ouro encerrou o pregão desta quinta-feira em alta, refletindo a intensificação das expectativas de que o Federal Reserve (Fed), banco central dos Estados Unidos, poderá iniciar um ciclo de cortes nas taxas de juros em breve. O movimento de valorização do metal precioso acompanha uma reconfiguração do sentimento dos investidores, que agora veem com maior probabilidade uma flexibilização na política monetária americana diante de sinais de desaceleração econômica.

O aumento do apetite por ouro ocorre em um ambiente de maior aversão ao risco e de reposicionamento de carteiras, com o metal sendo buscado como proteção contra volatilidade e possível perda de valor do dólar. A percepção de que os juros americanos podem começar a cair em breve reduz o custo de oportunidade de se manter em ativos que não pagam rendimento, como é o caso do ouro — o que, historicamente, tende a impulsionar sua demanda.

Nos mercados internacionais, o contrato do ouro com vencimento mais próximo negociado na Comex, divisão de metais da Bolsa de Mercadorias de Nova York (Nymex), subiu de forma consistente ao longo do dia. A valorização acompanhou não apenas os movimentos do mercado de títulos do Tesouro dos EUA, mas também a queda do dólar frente a outras moedas fortes, como o euro e o iene.

O gatilho para essa reavaliação de cenário veio com a divulgação de indicadores econômicos americanos que apontaram para uma desaceleração moderada da inflação, além de números do mercado de trabalho que indicam um ritmo menos aquecido do que em meses anteriores. Esses dados reforçaram a visão de que o Fed poderá encontrar espaço para aliviar sua postura monetária já nas próximas reuniões, especialmente se o quadro de inflação continuar sob controle.

Com juros mais baixos, o dólar tende a perder força e os rendimentos dos títulos públicos recuam, o que beneficia o ouro, ativo tradicionalmente usado como reserva de valor. Investidores institucionais e fundos de hedge aumentaram suas posições compradas no metal, apostando em uma valorização diante do novo ambiente econômico.

Além das condições macroeconômicas, o ouro também vem sendo favorecido por fatores geopolíticos. As incertezas provocadas por tensões no Oriente Médio, instabilidades políticas em regiões estratégicas e preocupações com a desaceleração da economia global aumentam a procura por ativos considerados mais seguros, como o ouro e outros metais preciosos.

Apesar da alta no dia, analistas destacam que o cenário para o ouro ainda exige cautela. A possível trajetória futura dos juros americanos, as decisões do Banco Central Europeu e do Banco do Japão, além das oscilações do dólar e a resposta da economia dos Estados Unidos a qualquer mudança na política monetária, continuam sendo elementos que podem influenciar o desempenho do metal nas próximas semanas.

Por enquanto, o movimento de valorização reforça a visão de que o ouro segue sendo uma peça-chave nas estratégias de proteção patrimonial de investidores em momentos de transição econômica e incerteza monetária. O mercado agora volta suas atenções para as próximas sinalizações oficiais do Fed e para os próximos dados de inflação nos EUA, que poderão confirmar — ou não — o início de um ciclo de afrouxamento que já começa a ser precificado com maior convicção pelos agentes financeiros.

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