Mudanças no mercado de gás de cozinha recebem oposição da Ultrapar
A Ultrapar manifestou publicamente sua discordância em relação à proposta apresentada pela Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP) para a revisão das regras que regem o setor de gás liquefeito de petróleo (GLP), popularmente conhecido como gás de cozinha. A empresa, uma das principais atuantes no segmento, expressou preocupação com os impactos econômicos e operacionais das mudanças sugeridas.
De acordo com a companhia, as alterações propostas pela agência reguladora podem gerar instabilidade no mercado, aumentar os custos logísticos e afetar diretamente a previsibilidade do setor, que atende milhões de famílias brasileiras. A Ultrapar argumenta que o modelo atual, embora com pontos que possam ser aperfeiçoados, oferece um equilíbrio importante entre concorrência, segurança e acesso.
A proposta da ANP está sendo discutida em um contexto de revisão regulatória ampla, com o objetivo declarado de modernizar o setor e estimular a entrada de novos agentes no mercado. A agência considera que algumas regras antigas dificultam a competitividade e impedem a diversificação da cadeia de abastecimento.
Entretanto, a Ultrapar entende que mudanças estruturais nas normas precisam ser feitas com cautela e baseadas em amplo diálogo com os atores do mercado. A empresa ressalta que alterações precipitadas podem comprometer a segurança do abastecimento, a qualidade do serviço e a estabilidade do fornecimento de um insumo essencial para os brasileiros.
Um dos pontos mais sensíveis da proposta envolve a flexibilização da exclusividade das marcas em botijões, o que, segundo a ANP, incentivaria a concorrência e reduziria preços ao consumidor. Já a Ultrapar argumenta que essa medida pode gerar riscos à segurança dos consumidores e aumentar os custos de operação das empresas, com reflexo negativo no preço final.
Além disso, a empresa ressalta que o setor de GLP é estratégico para o país, principalmente em regiões onde o fornecimento de energia elétrica ou gás encanado é limitado. Qualquer mudança nas regras deve considerar as particularidades logísticas do Brasil, o papel social do gás de cozinha e a necessidade de manter um modelo sustentável para toda a cadeia.
A crítica da Ultrapar à proposta da ANP também está alinhada à visão de outros agentes do setor que defendem maior previsibilidade regulatória. O receio é que alterações bruscas desestimulem investimentos e prejudiquem empresas que há décadas atuam na estruturação do sistema de distribuição nacional.
Enquanto o debate avança, a ANP abriu consulta pública para ouvir contribuições do setor, da sociedade civil e de especialistas. A agência afirma que o objetivo é construir um novo marco regulatório mais moderno e eficaz, mas que esteja em sintonia com a realidade do mercado e com os interesses do consumidor.
Por fim, a posição da Ultrapar reforça o alerta de que mudanças regulatórias no setor de gás de cozinha devem ser cuidadosamente avaliadas, com foco em segurança, equilíbrio competitivo e proteção do consumidor, para que não se transforme uma proposta de modernização em um risco ao abastecimento e à estabilidade do mercado.