Apoiadores de Hugo contam com cenário favorável para anular objeção ao acréscimo de cadeiras parlamentares
Nos bastidores do Congresso Nacional, aliados próximos ao presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, e, sobretudo, ao deputado Hugo Motta — figura de destaque no Republicanos — demonstram crescente confiança na reversão de um veto presidencial que barrou o projeto de aumento do número de deputados federais. A expectativa é de que a derrubada ocorra com relativa facilidade, diante da composição atual do Parlamento e das movimentações já iniciadas por lideranças partidárias.
O veto em questão foi imposto pelo chefe do Executivo a uma proposta que previa a redistribuição e ampliação de cadeiras na Câmara dos Deputados, com base nos dados mais recentes do Censo Demográfico do IBGE. O projeto visava ajustar a representação proporcional dos estados, aumentando o número total de parlamentares em resposta ao crescimento populacional em determinadas regiões, sobretudo nas regiões Norte e Centro-Oeste.
No entanto, ao chegar ao Palácio do Planalto, a medida foi vetada sob o argumento de que o aumento no número de parlamentares traria impacto fiscal e logístico significativo, além de possíveis desdobramentos políticos em um momento de busca por estabilidade entre os Poderes. A decisão gerou reações imediatas entre deputados que vêm articulando há meses pela aprovação do novo desenho legislativo.
Entre os grupos mais engajados nessa articulação está o entorno do deputado Hugo Motta, que desde o início apoiou a proposta de ampliar a representatividade de estados sub-representados. De acordo com parlamentares próximos a ele, há um consenso de que o Congresso possui força suficiente para anular o veto em votação conjunta entre Senado e Câmara, o que exigiria maioria absoluta dos votos de ambos os plenários.
Essa percepção de facilidade para a derrubada se baseia em três fatores principais: o apoio expressivo de bancadas regionais afetadas diretamente pelo atual modelo de distribuição; a articulação já consolidada entre líderes partidários que enxergam na medida uma oportunidade de reforçar suas bases eleitorais; e a pressão de governadores que veem no aumento de deputados a chance de ampliar sua influência em Brasília.
Mesmo entre partidos aliados ao governo, a resistência ao veto é notável, pois a pauta transcende disputas ideológicas. Trata-se, em grande parte, de uma demanda federativa e institucional, que busca corrigir desequilíbrios históricos na representatividade dos entes federativos. A discussão sobre o número de deputados federais está prevista na Constituição e pode ser ajustada periodicamente conforme a evolução demográfica do país.
O movimento para derrubar o veto também ocorre em um contexto de retomada de protagonismo do Legislativo nas grandes decisões nacionais. A liderança de figuras como Hugo Motta nessa articulação sinaliza um novo momento político, em que grupos parlamentares voltam a se posicionar de maneira mais incisiva sobre temas estruturais.
Embora o Executivo tenha indicado preocupação com os custos administrativos e operacionais que um eventual aumento no número de parlamentares traria — como salários, gabinetes, assessorias e estruturas —, os defensores da proposta argumentam que esses impactos seriam diluídos no orçamento da Câmara e compensados por uma representação mais justa e equitativa.
O cenário, portanto, aponta para uma provável derrota do governo nesse ponto específico. A derrubada do veto é tratada como prioridade por vários blocos parlamentares, e os articuladores políticos acreditam que a votação poderá ocorrer ainda neste semestre, em sessão do Congresso que deve ser marcada nas próximas semanas.
Se confirmado, o aumento no número de deputados deverá entrar em vigor já nas próximas eleições gerais, redesenhando o mapa político e ampliando a voz de estados que ganharam relevância populacional nos últimos anos.