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Bolsonaro usou documentos da “Abin paralela” em live para atacar urnas, aponta Polícia Federal

Reportagem da Polícia Federal, divulgada nesta quarta‑feira, revela que o ex‑presidente Jair Bolsonaro recorreu a documentos produzidos pela chamada “Abin paralela” durante uma live transmitida em agosto de 2021, com o objetivo de questionar o sistema eleitoral brasileiro. O documento em questão — intitulado “Presidente TSE informa.docx” — foi criado naquele mesmo ano por Alexandre Ramagem, então diretor da Agência Brasileira de Inteligência, e usado por Bolsonaro para sustentar alegações não comprovadas de fraude nas urnas eletrônicas.

Na transmissão, Bolsonaro apresentou ainda informações obtidas de modo sigiloso pela “Abin paralela”, usando‑as para reforçar suspeitas infundadas e pedir a implementação do voto impresso. O material, registrado pela PF, foi obtido sob a justificativa de integrá-lo a uma comissão do Congresso, mas acabou sendo usado como argumento político em rede nacional, sem respaldo técnico.

Além disso, a apuração revela que as campanhas de desinformação contra o sistema eleitoral contaram com recursos humanos, técnicos e financeiros da própria Agência — operando em conjunto com o chamado “gabinete do ódio” para deslegitimar instituições e opositores.

O relatório final foi encaminhado ao Supremo Tribunal Federal, contendo o indiciamento de 36 pessoas envolvidas no esquema, incluindo Alexandre Ramagem e Carlos Bolsonaro. Embora Jair Bolsonaro não tenha sido formalmente indiciado neste caso, o documento aponta que ele foi o principal beneficiário das ações clandestinas conduzidas pela “Abin paralela”.

Esse episódio reforça as alegações de que o ex‑presidente aproveitou estruturas de inteligência do governo para politizar e influenciar o debate público diante das eleições de 2022. A divulgação dessas provas pelo STF coloca ainda mais pressão sobre Bolsonaro, que segue respondendo a outras investigações relacionadas a tentativas de golpe de Estado e disseminação de desinformação.

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