Advogado afirma que divulgou supostas mensagens de Mauro Cid como parte de sua estratégia de defesa
O advogado Eduardo Kuntz, que afirmou ter mantido conversas com o tenente-coronel Mauro Cid enquanto o militar estava sob restrição de uso das redes sociais, declarou à CNN que só decidiu revelar o conteúdo dessas trocas agora por estratégia de defesa. Kuntz representa o coronel da reserva Marcelo Câmara, também réu na ação penal que apura uma suposta tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
Segundo o advogado, a apresentação das mensagens foi feita agora por uma razão processual. “Antes não estava num timing processual de nenhum movimento de petição. Agora, o Câmara foi intimado a apresentar a sua defesa no caso da trama golpista. Então, processualmente, eu estava esperando o momento adequado de juntar isso, para poder discutir a delação em si. Hoje a delação contra o Câmara, do jeito que está, é prejudicial”, afirmou.
Dúvidas sobre intenções e autenticidade da delação
Kuntz também questionou a validade da delação de Mauro Cid, afirmando que seu conteúdo seria comprometido. “Peço a nulidade da delação não porque o Cid veio falar comigo, mas sim por falta de voluntariedade. Ninguém desabafa mentindo. Ou você mente, ou você desabafa”, argumentou.
O advogado contou que, no início das conversas, não sabia quem era o interlocutor, mas depois reconheceu a voz como sendo de Cid. “Não sabia o objetivo, se ele queria trocar de advogado, me contratar. Se ele já estava em processo de delação e estava em ação controlada para tirar informação minha e dos meus clientes e fui dando corda. Não sabia qual era a intenção”, relatou.
Desconhecimento sobre restrições impostas a Cid
Questionado sobre a legalidade de manter diálogo com alguém sob medidas cautelares, Kuntz alegou não ter conhecimento das restrições impostas a Mauro Cid, impostas quando foi firmado o acordo de delação, em setembro de 2024.
Defesa de Cid nega autenticidade das mensagens
A defesa de Mauro Cid reforçou que pediu à Justiça a apuração da identidade do responsável pelo perfil nas redes sociais por meio do qual as mensagens teriam sido enviadas. O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou que a Meta forneça os dados referentes à conta usada nas conversas.
Conclusão: Disputa jurídica amplia complexidade do caso
A revelação das conversas entre Mauro Cid e o advogado Eduardo Kuntz abre um novo capítulo na ação penal relacionada à tentativa de golpe investigada pelo STF. As alegações sobre a falta de voluntariedade na delação, aliadas à discussão sobre possíveis violações de medidas judiciais, tornam o processo ainda mais delicado. Agora, caberá ao Supremo avaliar se as mensagens impactam a validade da colaboração premiada e se houve irregularidades na conduta de qualquer das partes envolvidas.