Politica

Haddad gostaria que não houvesse bets no Brasil

O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, voltou a se posicionar de maneira crítica em relação às casas de apostas esportivas — conhecidas popularmente como “bets” — que se multiplicaram pelo país nos últimos anos. Durante conversa com jornalistas e interlocutores do governo, Haddad afirmou que, se dependesse unicamente de sua vontade pessoal, o Brasil não teria esse tipo de atividade legalizada.

A declaração de Haddad ocorre num momento em que o setor de apostas online vive um boom no país. Com o avanço da regulamentação, iniciada ainda no governo anterior e acelerada na atual gestão, as chamadas “bets” tornaram-se presença constante em transmissões esportivas, uniformes de clubes de futebol, patrocínios de eventos e campanhas publicitárias. A arrecadação de tributos sobre essas operações também começou a entrar na pauta econômica da União, que vê nas apostas uma nova fonte de receita.

No entanto, Haddad demonstrou preocupação com os impactos sociais e culturais desse crescimento. Ele citou o risco de aumento da ludopatia — o vício em jogos de azar —, especialmente entre jovens e pessoas em situação de vulnerabilidade financeira. Segundo o ministro, há uma diferença clara entre a arrecadação responsável e a institucionalização de um modelo que possa explorar financeiramente a população por meio de promessas ilusórias de enriquecimento rápido.

Apesar de seu posicionamento pessoal contrário à existência das apostas, Haddad reconhece que a regulamentação e a taxação são os caminhos possíveis no atual cenário, já que a atividade existe de fato e vinha operando de forma pouco controlada. O objetivo da Fazenda, segundo ele, é garantir que essas empresas atuem sob regras rígidas, com fiscalização ativa, publicidade moderada e repasses justos aos cofres públicos.

Internamente, membros do governo veem as bets com ambivalência: se por um lado são vistas como um novo vetor de arrecadação, por outro despertam alertas éticos e sociais. Estão em discussão limites para publicidade, regras sobre patrocínio esportivo, mecanismos de rastreio financeiro e campanhas de conscientização sobre o risco do vício.

A fala de Haddad reforça sua postura conservadora em relação à expansão desenfreada desse setor. Para ele, a prioridade do governo deve ser proteger os cidadãos, especialmente os mais jovens, da ilusão de que apostar é uma forma viável de progresso pessoal. Ainda assim, enquanto houver respaldo legislativo e demanda popular, a atuação do Executivo será focada em controle, transparência e responsabilidade.

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