Economia

Cogumelo mágico é usado para encarar trabalho, chefes, reuniões e metas

O uso de psicodélicos como o cogumelo mágico, que contém psilocibina, tem saído dos contextos espirituais e terapêuticos para entrar no cotidiano corporativo. Em especial nos Estados Unidos e em países europeus, cresce o número de profissionais que fazem microdosagem da substância para lidar melhor com o estresse do ambiente de trabalho, aumentar a criatividade, reduzir a ansiedade em reuniões ou suportar pressões ligadas a metas e liderança.

A microdosagem consiste em ingerir quantidades tão pequenas de psilocibina que não causam alucinações, mas, segundo adeptos, melhoram o foco, o humor e a disposição. A prática, embora controversa, vem sendo adotada por trabalhadores de áreas como tecnologia, finanças, marketing e até da medicina. Muitos relatam que, com o uso regular e controlado, conseguem enfrentar tarefas repetitivas, lidar melhor com chefes exigentes e se sentir mais engajados nas responsabilidades diárias.

Apesar de relatos positivos, o uso da psilocibina em ambientes corporativos levanta preocupações éticas e legais. Em diversos países, a substância ainda é considerada ilegal. Especialistas alertam que, sem regulamentação e acompanhamento médico, o uso pode trazer riscos à saúde mental, especialmente em pessoas com histórico de transtornos psicológicos. Além disso, há o receio de que empresas incentivem, mesmo que indiretamente, o uso de substâncias psicoativas como forma de potencializar produtividade — o que abriria precedentes perigosos.

Ainda assim, startups e consultorias vêm oferecendo cursos, retiros e até pacotes corporativos com orientação para uso de microdosagem. Em alguns locais, como no estado do Oregon, nos EUA, a psilocibina já foi descriminalizada e autorizada para fins terapêuticos, o que deve acelerar esse movimento.

A tendência levanta discussões sobre os limites da busca por desempenho e bem-estar em ambientes de trabalho cada vez mais exigentes. Se, por um lado, a psilocibina é vista como uma ferramenta para enfrentar o esgotamento profissional e a desmotivação, por outro, há o risco de transformar uma substância psicodélica em mais um item da cultura da performance. O debate sobre o uso responsável, os impactos a longo prazo e os aspectos éticos desse fenômeno ainda está longe de um consenso.

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