Reação negativa ao IOF leva governo a convocar reunião de urgência
A proposta do governo federal de elevar o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) para aplicações de fundos brasileiros no exterior durou menos de 24 horas. A decisão, anunciada como parte de um pacote de medidas econômicas, provocou reação imediata e intensa no mercado financeiro, levando o Palácio do Planalto a rever a medida com rapidez incomum.
A forte repercussão negativa motivou uma reunião emergencial, segundo apuração da analista política Isabel Mega. O encontro, realizado ainda na quinta-feira (23), reuniu ministros de áreas estratégicas, como Gleisi Hoffmann (Relações Institucionais), Rui Costa (Casa Civil) e Paulo Pimenta (Comunicação Social), em um esforço para conter a crise de imagem e impacto econômico.
Fazenda anunciou recuo à noite em nota técnica
O recuo oficial foi divulgado às 23h30 da mesma quinta-feira pelo Ministério da Fazenda, por meio da rede social X (antigo Twitter). Em uma publicação com linguagem técnica e referências a decretos e artigos específicos, a pasta confirmou que a alíquota do IOF permanecerá zerada para aplicações de fundos de investimento em ativos no exterior.
A tentativa de esclarecer os detalhes da política fiscal pareceu buscar principalmente aplacar os ânimos do mercado, que vinha reagindo com preocupação ao possível aumento da carga tributária sobre investimentos internacionais.
Estratégia já havia falhado antes
Este episódio reviveu uma situação semelhante ocorrida no fim do ano passado, quando o governo combinou anúncios de cortes de gastos com alterações no imposto de renda. Assim como agora, a reação negativa do mercado acabou neutralizando o impacto positivo pretendido com as medidas de responsabilidade fiscal.
No caso atual, o aumento do IOF acabou ofuscando o anúncio de bloqueio e contingenciamento de R$ 31,3 bilhões no orçamento — um valor acima das projeções iniciais do mercado, que giravam em torno de R$ 10 bilhões. A leitura foi de que a tentativa de aumentar a arrecadação à custa de investidores gerou insegurança e prejudicou a percepção de estabilidade fiscal.
Conclusão
A rápida reversão do aumento do IOF demonstra a sensibilidade do governo às reações do mercado, especialmente diante de medidas com impacto direto sobre investidores. Embora o recuo tenha evitado uma crise maior, o episódio reforça os desafios de comunicação e coordenação interna na formulação de políticas econômicas. Para o governo, o episódio serve de alerta: a pressa em anunciar medidas fiscais pode custar caro se não vier acompanhada de previsibilidade e articulação política eficaz.