CEO do JPMorgan alerta para risco de estagnação econômica e inflação elevada nos Estados Unidos
O CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, alertou nesta quinta-feira (22) para a possibilidade de estagflação nos Estados Unidos, destacando uma combinação de riscos que podem pressionar a economia americana e global. Em entrevista concedida à Bloomberg Television, em Xangai, Dimon apontou como fatores preocupantes os déficits fiscais elevados, a reestruturação do comércio internacional e o aumento dos gastos militares em diversas partes do mundo.
A estagflação é caracterizada pela coexistência de estagnação econômica — ou até recessão — com inflação em alta, um cenário desafiador para as políticas monetárias tradicionais.
Desafios para os bancos centrais
Dimon ressaltou que esse tipo de contexto impõe decisões difíceis aos bancos centrais. “Existe uma chance de que (teremos) estagflação (nos EUA)”, afirmou, ao mesmo tempo em que deixou claro que não se trata de uma previsão concreta, mas de uma possibilidade para a qual o país deve estar preparado.
Segundo ele, subir juros para conter a inflação pode sufocar o crescimento e elevar o desemprego, enquanto reduzi-los pode agravar a própria inflação. “Precisamos estar prontos para algo assim”, declarou o executivo.
Impacto das tarifas e complacência dos mercados
O CEO também comentou que os efeitos completos das tarifas impostas durante o governo Trump ainda não foram sentidos. Segundo ele, os mercados estão demonstrando uma “quantidade extraordinária de complacência” diante dos riscos existentes. A política comercial instável tem, segundo Dimon, aumentado a incerteza econômica nos EUA.
Na segunda-feira (19), em conversa com investidores, Dimon afirmou acreditar que as chances de estagflação são provavelmente o dobro das estimativas feitas por outros analistas de mercado.
Política fiscal e cenário econômico americano
Dimon também criticou o impacto fiscal de novas propostas legislativas. Uma delas é o plano do ex-presidente Donald Trump para aprovar um pacote de corte de impostos, descrito por ele como um “grande e belo projeto de lei”. De acordo com o Escritório de Orçamento do Congresso, a medida pode adicionar trilhões de dólares ao déficit federal nos próximos anos.
Ainda na entrevista, Dimon discordou da visão de que o Federal Reserve estaria operando em um “ponto ideal”. Para ele, embora a economia tenha se mantido relativamente estável, ainda não há clareza sobre os rumos futuros.
“O Fed está fazendo a coisa certa ao adotar uma postura de espera e observação, analisando os impactos dos diferentes fatores inflacionários antes de decidir sobre ajustes nas taxas de juros”, disse.
Rebaixamento da nota de crédito dos EUA
O cenário descrito por Dimon ocorre pouco após a agência Moody’s ter rebaixado a nota de crédito dos Estados Unidos, citando o aumento da dívida governamental como fator determinante.
Conclusão
As declarações de Jamie Dimon reforçam o tom de cautela sobre o futuro da economia dos Estados Unidos. Com o avanço dos déficits fiscais, tensões comerciais e riscos inflacionários globais, o executivo destaca a importância de se considerar cenários adversos como a estagflação. Em meio a decisões delicadas do Federal Reserve e um ambiente político e econômico instável, o alerta serve como um chamado à vigilância e ao planejamento frente às incertezas que se acumulam no horizonte.