Ala interna do PT se articula para proteger Janja e cria grupo de apoio à primeira-dama dentro do partido
Dentro do Partido dos Trabalhadores (PT), uma movimentação silenciosa mas significativa vem ganhando corpo nos bastidores da política: aliados próximos da primeira-dama Rosângela Lula da Silva, conhecida como Janja, estão formando uma espécie de núcleo de proteção política e pessoal a ela, apelidado informalmente de “time Janja”. A iniciativa surge em meio ao aumento da exposição pública da primeira-dama e às crescentes críticas que ela tem recebido, tanto da oposição quanto de segmentos mais tradicionais do próprio partido.
A criação desse grupo é, ao mesmo tempo, uma reação e uma estratégia. Reação, porque a primeira-dama tem sido alvo frequente de ataques políticos, muitas vezes centrados em sua atuação ativa nos bastidores do governo, sua presença constante ao lado do presidente Lula e seu envolvimento em pautas sociais e culturais. Estratégia, porque o PT reconhece que Janja tem se consolidado como uma figura de influência e que pode representar um ativo político importante, desde que resguardada de embates desgastantes.
O chamado “time Janja” reúne parlamentares, assessores, militantes e dirigentes que atuam para defender a imagem da primeira-dama e fortalecer seu papel como símbolo de um novo estilo de presença feminina no Planalto. Esse grupo atua de forma orgânica, mas coordenada, tanto na comunicação interna quanto na resposta a ataques públicos. A ideia é neutralizar tentativas de desqualificação de Janja e, ao mesmo tempo, promover sua atuação de forma positiva, alinhada com os ideais do partido.
Fontes ligadas ao núcleo petista afirmam que o movimento também tem como objetivo blindar Janja de conflitos internos e de eventuais tensões com setores do PT que prefeririam uma postura mais discreta da primeira-dama. Em algumas alas da legenda, ainda existe um perfil mais tradicionalista, que enxerga com reserva a forma como Janja tem se posicionado em temas sensíveis, como igualdade de gênero, combate ao racismo, cultura popular e até mesmo estratégias de comunicação digital do governo.
Apesar dessas divergências, o entorno político do presidente Lula tem sinalizado apoio crescente à atuação de Janja. Há o entendimento de que a primeira-dama cumpre um papel contemporâneo, mais ativo e engajado, rompendo com a figura decorativa que historicamente foi atribuída às esposas de chefes de Estado no Brasil. Para muitos dentro do PT, Janja representa uma renovação simbólica importante: mulher, militante, articulada e com forte presença nas redes sociais.
Ao mesmo tempo, os integrantes do “time Janja” buscam evitar que o protagonismo da primeira-dama seja mal interpretado como interferência em decisões de governo. O desafio é calibrar sua visibilidade pública com o espaço institucional que lhe cabe, protegendo sua imagem sem isolá-la. Parte desse esforço também envolve uma atuação mais cuidadosa da assessoria de comunicação do Palácio do Planalto, que trabalha para harmonizar a imagem de Janja com a linha oficial do governo.
O grupo criado em torno da primeira-dama também tem influência sobre a estratégia de sua participação em eventos oficiais e agendas públicas, priorizando pautas em que sua atuação é mais bem recebida pela opinião pública. Programas sociais, ações de proteção a mulheres, projetos culturais e apoio a causas ambientais estão entre os focos escolhidos, buscando reforçar a empatia da população com sua figura.
Enquanto a oposição tenta explorar o espaço ocupado por Janja como uma forma de atingir politicamente o governo, o PT se mobiliza para garantir que a primeira-dama continue sendo um ponto de apoio ao presidente, e não uma frente de desgaste. O “time Janja”, portanto, não é apenas um grupo de defesa, mas uma iniciativa de valorização política e institucional de sua presença no governo Lula.