Deputada do PSOL propõe CPI para investigar ações na Cracolândia
A deputada estadual Ediane Maria (PSOL-SP) protocolou um pedido de abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) na Assembleia Legislativa de São Paulo para investigar as ações do governo estadual e da prefeitura da capital envolvendo a Cracolândia. A proposta tem como objetivo apurar possíveis irregularidades nas abordagens feitas com usuários de drogas no centro da cidade.
O pedido da parlamentar surge após relatos de que dependentes químicos estariam sendo removidos de forma forçada da região central para municípios da Grande São Paulo, como Guarulhos e Diadema. A deputada aponta que essas ações fazem parte de uma estratégia de “limpeza social”, tendo como pano de fundo a transferência do Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista, para a área dos Campos Elíseos, região historicamente ocupada por usuários de drogas.
A deputada também afirma que houve aumento no número de pessoas em situação de rua e usuários concentrados em outras cidades, o que reforça a necessidade de investigação sobre a atuação do poder público. A proposta da CPI pretende apurar se houve abusos nas operações de remoção, verificar a legalidade das ações e avaliar o impacto nos municípios para onde os dependentes estão sendo deslocados.
Para a criação da CPI, são necessárias 32 assinaturas de deputados estaduais. A autora do pedido está articulando apoio de outros parlamentares para viabilizar a instalação da comissão e dar início às investigações.
A Cracolândia é um tema delicado e recorrente nas políticas públicas da capital paulista. O governo do estado e a prefeitura afirmam que vêm oferecendo alternativas de tratamento e acolhimento, e que parte das internações tem sido realizada com o consentimento dos usuários. No entanto, grupos ligados aos direitos humanos, profissionais de saúde e parte da oposição denunciam ações truculentas e violações de direitos, além da ausência de políticas públicas eficazes e contínuas de reinserção social.
A CPI busca trazer luz sobre a conduta dos agentes públicos, a efetividade das ações e o respeito aos direitos da população vulnerável. O tema promete gerar debate intenso na Assembleia Legislativa, mobilizando parlamentares de diferentes espectros políticos e a sociedade civil.